AEROGRAMA
ESCREVE-ME QUE É GRÁTIS
Em 1961 Na
Guiné-Bissau, Angola e Moçambique eclodiam grupos independentistas de luta
armada no propósito de declarar a independência daqueles territórios sobre
domínio e administração de portuguesa.
Surgem em
Portugal animados por grupos de carácter religioso e fascista movimentos de
apoio na retaguarda aos combatentes portugueses que são enviados “rapidamente e
em força” para combater os ditos “terroristas” (guerrilheiros) que pretendiam
“destruir” a unidade do território português.
Entre esses
movimentos ganha particular relevância o MOVIMENTO NACIONAL FEMININO, fundado
e dinamizado pelas esposas dos altos dignatários do regime do Estado Novo que
pretendia ser a guarda pretoriana dos ideais salazaristas.
Recorde-se
que em 1961 não existia Internet, nem telemóveis. Nem no melhor Júlio Verne era
imaginável essa fórmula mágica de contacto. Uma grande maioria de portugueses
andava descalça, nunca tinha visto o mar e um telefone era coisa de ricos. Mais
de 50% dos portugueses nem sequer tinham a 4ª classe. As casas não tinham
frigoríficos, nem fogões, e ainda não se sabia por cá o que eram micro-ondas.
Existiam alguns rádios que só funcionavam em casas com electricidade sendo que
a maioria delas era iluminada por candeeiros a gás ou a petróleo. As televisões
era um bem raro que só eram possíveis ver nas casas paroquiais onde se pagava
2$50 (1,5 cêntimos) para se poder ver, ou então entregava-se a senha que tinha
sido distribuída à saída da missa de domingo.
Pois bem as
senhoras de casacos de peles, lançaram uma iniciativa de apoio aos soldados que
combatiam no “ULTRAMAR” particularmente interessante. Com o apoio “TAP”,
foi lançado um sistema de correspondência gratuito para alivio dos traumas de
guerra dos nossos soldados, que se designava por “AEROGRAMAS”. Em papel
muito leve e só com uma folha servia para enviar e receber notícias. Desempenhavam
então a função que hoje representam as mensagens dos telemóveis e do Facebook.
Vou buscar este paralelo para poder ser melhor compreendido o papel dos
aerogramas para milhares de soldados e suas famílias.
Quem tiver
mais de 45 anos terá uma enorme dificuldade em compreender este sistema de
comunicação criado como desiderato para aliviar as penas e as dores de quantos
tiveram de ser submetidos a uma guerra que teve tanto de injusta como de
inútil. Aqui fica este meu testemunho desse tempo.
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