segunda-feira, fevereiro 19, 2018


D. MANUEL CLEMENTE:
- O APÓSTOLO DA DESGRAÇA

Um estudo do Observatório da Sociedade Portuguesa da Católica-Lisbon, publicado pelo “Expresso” no passado sábado indica-nos que a Banca e a Igreja são as instituições em que os portugueses menos confiam.

Após a polémica com as orientações do supracitado torrejano aos casais recasados, esta notícia representa o resultado de anos sucessivas de atitudes da Igreja Lusa muito mais próxima dos cânones medievais, que de uma Igreja capaz de viver com as pessoas dos dias de hoje.

Duas notas me parecem dignas de registo. A primeira é que não li nem ouvi nenhuma orientação de Sua Eminência sobre padres que fazem filhos às suas paroquianas. Se calhar no seu coração estes padres continuam a ter um lugar muito particular. A mim pessoalmente esta atitude diz-me muito. É que eu sou sobrinho-neto de um clérigo que ensinava piano a uma menina da alta sociedade portuguesa e ao mesmo tempo aproveitou para a introduzir nas delícias de Eros, premiando-a com uma criancinha que perfilhou. Esse meu tio-avô (irmão do pai da minha avó Guilhermina) até entrou para o seminário doando um edifício sua propriedade à Igreja para poder ingressar no Seminário, edifício esse que a 1ª república veio a nacionalizar e que mais tarde viria a ser a Casa de Trabalho e depois o Traquinas e onde agora funciona a “Companha”.

Esse clérigo veio a perder influência com a queda da Monarquia e hoje está sepultado no cemitério de Peniche em coval nobre juntamento com o filho e a nora. Fico feliz pelo Patriarca de Lisboa não ter nada contra os “truca-truca” de padres mesmo que isso represente uma descendência. Já quanto aos católicos que se deliciam nas manifestações de amor sem que a Igreja os tenha autorizado para tal, isso já é outra história.

Vem agora o “ministro da igreja” dizer que foi mal interpretado. Já vem tarde. Se este clérigo fosse muçulmano, as mulheres não poderiam andar sem véu, nem ir ao futebol. E provavelmente estaria hoje ao lado dos mais radicais colegas seus muçulmanos que tanto repudiamos no Mundo civilizado.

Não consigo pensar em gente assim no século XXI.

 

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