OBVIAMENTE DEMITO-MEO que eu pensaria que já não me aconteceria, deu-se mesmo. Sempre pensei que a minha vontade de aderir ao PS, seria a última manifestação de vontade pública e política de dar o meu nome, e com ele o meu contributo a uma causa colectiva de solidariedade pela coisa pública.
Sou de esquerda (se é que isso hoje ainda faz sentido) e é numa área democrática, republicana e plural que me revejo. Mas tenho dúvidas de que o PS hoje represente esses valores. É evidente que compreendo que a cultura de poder exige determinados compromissos. Mas não posso aceitar é que se ponham causa os valores fundamentais da democracia pluralista, para atingir determinados objectivos. E o direito ao voto é um desses princípios fundamentais. Sem o qual nada faz sentido.
Podem dizer-me que o PS mantém no seu seio pessoas de princípios socialistas que não transigem com esta transmutação em nome de valores de governação. Acredito que sim. Mas eu não tenho paciência para isso. Não vivo da política partidária, nem nunca vivi. Não tenho de transigir com certas atitudes para poder continuar a dizer o meu nome de cabeça erguida.
Muito claramente afasto-me deste PS. Ele representa uma ficção em que se diluíram os valores que o formaram para dar lugar a uma versão soft de um partido social-democrata de tendência exclusivamente de governo liberal. Isso pode ser necessário para afirmar este PS no poder. Mas eu não sou capaz de me sentir militante e continuar de cabeça erguida perante os que sempre me conheceram e conhecem. Não em nome desta ausência de valores. Desta negação da Utopia que fez o PS ser um Partido mobilizador e de causas. Verdade que não faço falta nenhuma ao PS nacional e muito menos ao PS local. Em nome da minha dignidade pessoal e do respeito que me merece o partido em que militei, dele me afasto, sem constrangimentos nem rancores.
Em anexo publico a carta em que apresentei a minha demissão.
Sou de esquerda (se é que isso hoje ainda faz sentido) e é numa área democrática, republicana e plural que me revejo. Mas tenho dúvidas de que o PS hoje represente esses valores. É evidente que compreendo que a cultura de poder exige determinados compromissos. Mas não posso aceitar é que se ponham causa os valores fundamentais da democracia pluralista, para atingir determinados objectivos. E o direito ao voto é um desses princípios fundamentais. Sem o qual nada faz sentido.
Podem dizer-me que o PS mantém no seu seio pessoas de princípios socialistas que não transigem com esta transmutação em nome de valores de governação. Acredito que sim. Mas eu não tenho paciência para isso. Não vivo da política partidária, nem nunca vivi. Não tenho de transigir com certas atitudes para poder continuar a dizer o meu nome de cabeça erguida.
Muito claramente afasto-me deste PS. Ele representa uma ficção em que se diluíram os valores que o formaram para dar lugar a uma versão soft de um partido social-democrata de tendência exclusivamente de governo liberal. Isso pode ser necessário para afirmar este PS no poder. Mas eu não sou capaz de me sentir militante e continuar de cabeça erguida perante os que sempre me conheceram e conhecem. Não em nome desta ausência de valores. Desta negação da Utopia que fez o PS ser um Partido mobilizador e de causas. Verdade que não faço falta nenhuma ao PS nacional e muito menos ao PS local. Em nome da minha dignidade pessoal e do respeito que me merece o partido em que militei, dele me afasto, sem constrangimentos nem rancores.
Em anexo publico a carta em que apresentei a minha demissão.
Anexo:
José Maria dos Anjos Costa
Militante nº 33319
R. Joaquim A. Aguiar 46, 1º
2520-458 Peniche
Às estruturas responsáveis do PS
Assunto: Pedido de Demissão
A decisão do Secretário-Geral do PS, de levar ao Parlamento a Ratificação do TRATADO EUROPEU, ou TRATADO DE LISBOA, é para mim pessoalmente de uma gravidade extrema. Não está em causa se eu estou de acordo ou não com o que foi aprovado. Está em causa que depois de toda uma vida a lutar para que os portugueses pudessem decidir dos seus destinos, o PS que se vinculou com os Portugueses a referendar esse Tratado, tenha liminarmente decidido através dos seus dirigentes que os portugueses não têm capacidade eleitoral para tomar tal decisão.
E por favor não queiram fazer de mim mais “burro” do que aquilo que sou. Tenha aquilo o nome que tiver, é uma decisão única e definitiva sobre o que queremos de nós na Europa. Chame-se constituição ou tratado. Tenho 63 anos e já vi mudar-se o nome a muitas coisas, embora os seus objectivos se mantenham.
Odeio pensar que o PS se tornou um Partido acéfalo em que toda a minha gente “encarneira” com aquilo que os que detêm o poder conjunturalmente decidem. Não foi para isto que tantos portugueses deram o melhor de si ao longo de lutas sem fim contra um regime autoritário e obsoleto.
Não foi por isto que existiu a Fonte Luminosa.
Mas se o PS se revela igual ao que de pior a Democracia pode dar, se a defesa dos meus direitos essenciais como a Livre Expressão e o exercício do meu Direito ao Voto, deixaram de ter valor, então, eu já não faço nada neste PS, pelo que solicito que a partir desta data considerem sem efeito a minha filiação.
Com os melhores cumprimentos,
Peniche, 24 de Abril de 2008
José Maria dos Anjos Costa
José Maria dos Anjos Costa
Militante nº 33319
R. Joaquim A. Aguiar 46, 1º
2520-458 Peniche
Às estruturas responsáveis do PS
Assunto: Pedido de Demissão
A decisão do Secretário-Geral do PS, de levar ao Parlamento a Ratificação do TRATADO EUROPEU, ou TRATADO DE LISBOA, é para mim pessoalmente de uma gravidade extrema. Não está em causa se eu estou de acordo ou não com o que foi aprovado. Está em causa que depois de toda uma vida a lutar para que os portugueses pudessem decidir dos seus destinos, o PS que se vinculou com os Portugueses a referendar esse Tratado, tenha liminarmente decidido através dos seus dirigentes que os portugueses não têm capacidade eleitoral para tomar tal decisão.
E por favor não queiram fazer de mim mais “burro” do que aquilo que sou. Tenha aquilo o nome que tiver, é uma decisão única e definitiva sobre o que queremos de nós na Europa. Chame-se constituição ou tratado. Tenho 63 anos e já vi mudar-se o nome a muitas coisas, embora os seus objectivos se mantenham.
Odeio pensar que o PS se tornou um Partido acéfalo em que toda a minha gente “encarneira” com aquilo que os que detêm o poder conjunturalmente decidem. Não foi para isto que tantos portugueses deram o melhor de si ao longo de lutas sem fim contra um regime autoritário e obsoleto.
Não foi por isto que existiu a Fonte Luminosa.
Mas se o PS se revela igual ao que de pior a Democracia pode dar, se a defesa dos meus direitos essenciais como a Livre Expressão e o exercício do meu Direito ao Voto, deixaram de ter valor, então, eu já não faço nada neste PS, pelo que solicito que a partir desta data considerem sem efeito a minha filiação.
Com os melhores cumprimentos,
Peniche, 24 de Abril de 2008
José Maria dos Anjos Costa
Sem comentários:
Enviar um comentário