sábado, maio 31, 2008

Quais festa? Quais pescadores? Quais pesca? Tanta confusão por aí fora e nós aqui em Peniche,
assobiamos para o lado e celebramos nem sei o quê, nem porquê, nem para quê...
Oh! Pescador que já foste
Oh! Pescador que já não és
Oh! Pescador que estás virado
Da cabeça para os pés.

sexta-feira, maio 30, 2008

UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA*A atribuição há poucos dias do Prémio Pessoa à historiadora Irene F. Pimentel, pelo seu contributo na reconstrução da história do Estado Novo, nomeadamente através dos livros “A HISTÓRIA DA PIDE” e “MOCIDADE PORTUGUESA FEMININA”, trouxe-ma à memória recordações familiares dolorosas.
Dolorosas por duas ordens de razão: pelo que representaram na altura em que se deram e, pelo esquecimento voluntário ou não, a que foi votado na minha terra quem com o seu exemplo de dignidade e humanismo ajudou a construir o Portugal de Abril que hoje vivemos.
Refiro-me a meu sogro ÁLVARO DOS SANTOS MARTINS, guarda prisional antes do 25 de Abril que foi preso pela polícia política e afastado compulsivamente da sua actividade profissional com todos os traumas que isso lhe produziu e à sua Família.
O meu sogro que foi defendido nos Tribunais Plenários pelo candidato à Presidência da República Arlindo Vicente e que ao ser privado da Liberdade por 3 anos, deixou em casa esposa e 4 filhos respectivamente com 8, 6, 3 e 2 anos.
Para poder garantir o seu sustento e o da sua prole, a minha sogra com ajuda exclusiva da família e da máquina de costura, foi criando as meninas e meninos, podendo hoje rever-se nos filhos que educou.
Ao regressar da prisão, como barbeiro e com um cafezito, foi colaborando na subsistência familiar, embora sofrendo as humilhações das apresentações periódicas na PSP como se de um criminoso se tratasse e com o anátema de ser comunista, o que afastava muita gente da sua fonte de rendimento, mesmo alguns que logo após o 25 de Abril passaram a gritar loas a plenos pulmões à Liberdade. A filha mais velha chegou mesmo a ser hostilizada na Escola Primária por ter um pai preso político.
Sobre todo este drama, Peniche passou uma esponja, porque o Álvaro nunca foi pessoa de se por em bicos dos pés a implorar reconhecimento. Foi um guarda prisional digno, um preso político sem nunca vergar e libertado bastou-lhe a sua consciência de homem para se sentir bem consigo próprio e com os outros.
Julgo que quem sai mal disto tudo é uma terra que esquecendo os seus filhos que pagaram caro os seus exemplos de dignidade e de verticalidade, não conseguirá nunca reconciliar-se consigo. Felizmente que alguém fez a história desses tempos e, o meu sogro que na sua terra não existe, vai ficar para todo o sempre com o lugar que merece no registo dos que lutaram por um Portugal como país de dignidade.
Aqui vai um pouco da História de um digno filho de Peniche que merece ser recordada.
Para que o 25 de Abril tenha merecido a pena.
No livro “A HISTÓRIA DA PIDE” de Irene Flunser Pimentel, (Prémio Pessoa 2008) das edições “Circulo dos Leitores – Colecção Temas e Debates”, pág. 451 é assim relatado o calvário do Álvaro Martins, às mãos da PIDE:«XVI.3.3.2 O papel de alguns guardas prisionais
…um guarda prisional foi castigado em Caxias “por se ter prestado a conduzir a correspondência de um recluso para o exterior, sem ser vista pela censura”.
…um guarda prisional de Peniche foi acusado pelos chefes dos guardas de prestar auxílio aos presos e foi punido com transferência para outra prisão, enquanto, no mesmo período, outros colegas seus sofreram perseguições por “fazerem vista grossa” aos “contactos organizativos” dos presos.
É possível que um desses casos tenha ocorrido com o guarda prisional Álvaro dos Santos Martins, que após 1974, contou a forma como foi vítima da PIDE. Segundo relatou, mal chegou a Peniche, no início dos anos 50, o chefe dos guardas Ramos começou a persegui-lo. Um dia, o inspector dos Serviços Prisionais, Orbílio Barbas, avisou-o de que tinha sido alvo de uma denúncia, pelo que o ia transferir para Caxias, para evitar “o pior”. O pior aconteceu em 9 de Janeiro de 1954, quando cerca de seis elementos da PIDE o foram buscar ao reduto sul de Caxias, onde trabalhava, e, acusando-o de pertencer ao PCP, o levaram para o terceiro andar da sede da polícia, onde foi pontapeado.
Ao ser interrogado por uma equipa dirigida pelo inspector Porto Duarte, o então sub-inspector Gouveia disse àquele: “este homem não tem nada, o mais que pode ser é um descontente”. Isso não obstou porém a que o próprio Gouveia colocasse Álvaro Martins no “sono” e na “estátua”, antes de Chico Fernandes lhe dar uma “chapada e um pontapé”. O guarda prisional (Álvaro Martins) foi ainda sujeito a diversos castigos, um dos quais consistiu no seu envio para as casamatas de Caxias, onde ficou, com oito companheiros, durante 20 dias, a dormir no chão, na escuridão, sem roupa para se tapar. Sujeito a dois processos, um comum, nas Caldas da Rainha, onde foi absolvido, foi condenado, no processo político, a dois anos e meio de pena maior e medidas de segurança de seis meses, que cumpriu.»

*Tive muitas dúvidas sobre se seria ético eu escrever isto sobre alguém a quem estou ligado por laços familiares. Achei que sim. Não tenho que ter pudor em falar sobre aqueles que o merecem, sejam eles quem foram.

quinta-feira, maio 29, 2008

Existe um mundo melhor. Mas é caríssimo

quarta-feira, maio 28, 2008

SUBSÍDIOS Para os noivos que vão casar
Para os barcos que vão ao mar
Para teatro representar
Para os Centros de Saúde não fechar
Para futebol jogar
Para no funeral ajudar
Para a renda de casa pagar
Para os estudantes ensinar
Para os olhos operar
Para livros publicar
Para o PC comprar
Para os militares armar
Para a fábrica instalar
Para os desempregados alimentar
Para aos reformados pagar

…mas por favor
Não me aumentem os impostos!

terça-feira, maio 27, 2008

A GRANDE FRAUDE
O nosso tamanho intelectual está na ordem directa das fraudes que cometemos. Uma das mais comuns ultimamente é o utilizar trabalhos alheios sem citar a autoria da obra.
Isto tem vindo a acontecer cada vez mais e com a divulgação da NET tornou-se o “pão-nosso de cada dia”.
É comum receber indicações sobre materiais publicados aqui e ali e quando os vou conhecer verifico que a sua autoria não é dessa pessoa e que de forma desonesta não cita quem é o autor, e de onde o retirou.
Também já tenho encontrado em jornais essa fraude consumada. E até já vi livros em que de uma ponta a outra citam factos sem nunca referirem onde os foram buscar.
Dir-me-ão que este tipo de desonestidade é um mais um sinal dos tempos. Provavelmente.
Aprendem a copiar na escola. Mentem para arranjar emprego. Encostam-se ao trabalho dos outros. E quando precisam (ou querem) dar mostras de alguma capacidade, como não a têm, vai de copiar o que os outros com criatividade e trabalho fizeram.
É ver licenciados a apresentarem trabalhos de fim de curso com “copy past” de autores que se sacam da Internet. É ver gente a oferecer-se para vender trabalhos a quem precisar. É ver futuros professores que fizeram a sua formação com trabalhos dos colegas e que depois são autênticas “feras” nas suas exigências aos seus alunos.
Já me aconteceu encontrar páginas de escritos meus copiados na íntegra sem qualquer pudor, e apresentados publicamente como se a sua autoria fosse do “copiador”.
E nem a descoberta destas desonestidades faz com que os “trafulhas” arrepiem caminho. Anónimos e falsários tornou-se moda. Denunciá-los é preciso.

segunda-feira, maio 26, 2008

GDP: UMA DÍVIDA DE GRATIDÃO
Ao reformar-me como que pensei levar esse estado de graça até ao limite. Da política em geral, sobrava-me este meu blog. Da minha filiação partidária se encarregou o Secretário-geral do PS ao recusar-me a possibilidade de me manifestar com o meu voto sobre o Tratado Europeu.
Estava eu pois disposto a passear a reforma definitiva quando um amigo daqueles a quem não é possível recusar um pedido, me convidou para participar com ele e com mais um grupo de gente que respeito nos órgãos sociais do Grupo Desportivo de Peniche.Os meus amigos para mim são pessoas que merecem tudo. Até que eu ponha de parte traumas ou queixas pessoais em nome de um projecto. Assim me vi metido em algo de inimaginável ainda há pouco tempo.
Em nome da amizade. Em solidariedade com antigos alunos meus. Em memória do meu pai, atleta-fundador do GDP.Por reconhecimento ao meu padrinho ex-presidente da Direcção do GDP. Para honrar o meu avô que fez do seu clube uma parte da sua vida e que nele perdeu a vida por amor. Em memória do Honório e do Carolino amigos de sempre no meu coração.
Assim eu possa participar com todas as minhas capacidades no seu engrandecimento. A este convite eu não poderia dizer não e estou aqui de corpo inteiro.

domingo, maio 25, 2008

ESTE É O DESTINO DO POVO PORTUGUÊS
face aos políticos que temos, aos partidos de que se servem e às políticas com que nos martirizam...
...por muitas esperanças que alimentemos, quando julgamos que estamos a sair da prisão, estamos a entrar na merda!

sábado, maio 24, 2008

sexta-feira, maio 23, 2008

ASSEMBLEIA MUNICIPAL
Se não fossem algumas notícias publicadas de vez em quando em periódicos regionalistas, há muito que tínhamos esquecido a existência de um Órgão Autárquico que se designa por Assembleia Municipal.
Para o poder executivo é uma “chatice” que se tem de concretizar. Ocupa mais umas noites, ouvem-se uns parvos que de outra forma estavam dispensados de os aturar.
Para as oposições é a única saída para deitar cá para fora os ressentimentos de eleições perdidas, e de um poder autárquico de que ficaram arredados.
De qualquer forma é um colégio espúrio, inócuo e quistoso. Nada do que lá se diz é importante. Ninguém ouve. Ninguém lê. Ninguém fala. Não é por acaso que se realiza à noite. Depois de um dia de trabalho. Quando as pessoas estão cansadas e só o pior de si próprias ainda está em funcionamento.
É um nado-morto alimentado pela fogueira das vaidades que são estes exercícios de poder pequeninos em que ainda nos deixamos envolver.

quinta-feira, maio 22, 2008

quarta-feira, maio 21, 2008

O PODER/OS PODERES
In “LIÇÃO”
De Roland Barthes

- Proferida em 7 de Janeiro de 1977
Publicado por Edições 70

«…A “inocência” moderna fala do poder como se ele fosse apenas um: de um lado os que o têm, do outro os que o não têm; pensámos que o poder era um assunto exemplarmente político; acreditamos agora que também é um objecto ideológico, que se insinua por todo o lado, por onde não é inteira e imediatamente captado, nas instituições, no ensino; mas, em suma, que é sempre um. E se todavia o poder fosse plural como os demónios? “O meu nome é Legião”, poderia ele dizer: por toda a parte, de todos os lados, chefes, aparelhos, enormes ou minúsculos, grupos de opressão ou de pressão; por todo o lado vozes “autorizadas”, que se autorizam a impor o discurso de qualquer poder: o discurso da arrogância. É quando adivinhamos que o poder está presente nos mecanismos mais subtis da comunicação social: não apenas no Estado, nas classes, nos grupos, mas ainda nas modas, nas opiniões correntes, nos espectáculos, jogos, desportos, informações, nas relações familiares e privadas e até nas forças libertadoras que tentam contestá-lo: chamo discurso de poder a todo o discurso que engendra a culpa e, por conseguinte, a culpabilidade daquele que o ouve. Há pessoas que esperam que nós, intelectuais, nos agitemos em todas as ocasiões contra o Poder; mas a nossa verdadeira guerra é diferente e ocupa um outro espaço; a guerra é contra os poderes, e esse combate não é fácil: porque se o poder é plural no espaço social, também é perpétuo no tempo histórico: perseguido, debilitado aqui, reaparece além; nunca definha: façam uma revolução para o destruir e imediatamente renascerá, voltando a germinar no novo estado das coisas. A razão desta resistência e desta ubiquidade é devida ao facto de o poder ser o parasita de um organismo trans-social, ligado a toda a história do homem e não apenas à sua história política, histórica. O objecto em que o poder se inscreve é, desde sempre, a linguagem – ou, para ser mais preciso, a sua expressão obrigatória: a língua.»

segunda-feira, maio 19, 2008

O CENTRO EDUCATIVO DE ATOUGUIA DA BALEIA
As razões da oposição do PSD local não são técnicas, nem de carácter educativo. São de pretenso facilitismo político-partidário. São razões deste tipo que afastaram o PSD da vontade dos cidadãos e o reduziram a um partido marginal concelho de Peniche.
Pensam que fazendo a vontade a 2/3 pseudo influentes angariadores de votos da Freguesia da Atouguia conseguem fazer inverter a vontade dos eleitores.
Não se preocupam com o que será melhor em termos educativos. E de aproveitamento de meios. E de rentabilização de um projecto educativo. Sabem lá o que é um Projecto Educativo.
Faço um apelo ao Vereador do PS Joaquim Raul, que disponibilize os seus conhecimentos técnicos em educação a fim de que a decisão que venha a ser tomada seja a que melhor servirá os interesses educativos das crianças da Vila da Atouguia da Baleia.
Faço um apelo à CDU para que não tome decisões aleatórias e que reúna à sua volta o que de melhor possa conseguir para que a decisão a tomar seja fruto de um parecer técnico e pedagógico e não por razões de “partidarite” escusa e idiota.

domingo, maio 18, 2008

Escrever, não é talvez suficiente. Mas escrever, incomoda muita gente.

sábado, maio 17, 2008

sexta-feira, maio 16, 2008

CRITICAR TEM MOMENTOS
Na penúltima “folha de couve” li um artigo em que se apelava ao bom senso e à criatividade para acabar com o caos que se passa no Largo do Santuário de Nª Srra dos Remédios.
Nesta última edição do mesmo “coiso” e com a assinatura do mesmo autor, vejo um novo artigo, agora sobre os perigos da marginal norte.
A curiosidade levou-me a consultar todas as edições de que disponho em casa. No período da governação autárquica “xoxialista” não encontro uma única anomalia a que tenha merecido chamar a atenção pelo escrevinhador em questão.
Sou obrigado a pensar que as criticas têm momentos em que se podem fazer e outros em que não se devem.
Bem-aventurados os puros de espírito.

quinta-feira, maio 15, 2008

UMA CASA SEM DESTINOFoi quando eu estava a desempenhar funções autárquicas na Câmara Municipal que o TRAQUINAS foi ocupar um novo espaço, libertando definitivamente aquilo que foi em tempos a CASA DE TRABALHO, escola de formação de Rendilheiras para as filhas dos pescadores.
Isto aconteceu mesmo no final dos anos 90. Nessa altura, o actual Presidente da Câmara que ao tempo era presidente da ADEPE e que estava empenhado no lançamento da “A COMPANHA”, exerceu enorme pressão junto da Câmara Municipal e do Ministério da Solidariedade Social, para conseguir fazer reverter a favor daquela nova instituição as instalações que então tinham ficado devolutas. A ideia tanto quanto me recordo era transformar aquele património em CENTRO DE DIA. A guerra de vontades entre o então Presidente da Câmara e o seu posterior sucessor foi mesmo de “cortar à faca”.
10 anos depois aquelas instalações estão num estado de degradação que agora poderá ser irreversível. O edifício é “terra de ninguém”.O principal litigante nessa contenda de então, é o agora Presidente da Câmara e não se conhece publicamente qualquer tomada de posição sobre o que ali não está a acontecer. A menos que o anúncio tenha sido feito numa festa promocional em Faro.
Eu sei que já existe a Universidade Sénior pelo que o centro de dia não será tão necessário. Mas continua a faltar um espaço para o Museu/Escola das Rendas de Bilros.
O que vai acontecer ali, naquele espaço, vai dizer respeito a todos nós. Esperemos para ver o que vai ser a vontade do patrão do espaço/penicheiro.

quarta-feira, maio 14, 2008

JORNAIS E JORNALISTASDesde muito novinho que me habituei aos Jornais e a quem os escrevia. Em casa de meus avós era o DN e o Século. Em casa de meus pais era o Diário Popular.
Quando passei a ter mesada dividia-me entre o Diário de Lisboa e a República.
Depois do 25 de Abril passei a deambular em função do que me motivava, ou do que me parecia ser sério ou com senso e ético.
Á medida que o capitalismo desenfreado deu lugar ao liberalismo vampiresco, cada vez se tornou mais difícil comprara e ler jornais. Pelo menos para mim que vomito quando pego no Correio da Manhã, ou que fico com enxaquecas só de olhar para o 24 Horas.
No sábado dia 10 de Maio comprei o Expresso, o DN, o Público, o JN, a Bola, o Record e o Jogo.
Se bem se recordam 10 de Maio foi o “Dia Seguinte” ao mais importante facto que aconteceu neste país em 2008. Foi o dia em que se souberam os resultados das punições que atingiram os agentes do futebol.
Curioso que os jornais generalistas ocuparam mais espaço com isso que os jornais desportivos. Para estes era o princípio do fim da galinha dos ovos de ouro. Há mesmo um desportivo que praticamente omite na 1ª página essa notícia.
Dos generalistas, existem dois que noticiam o assunto de forma mais soft. Refiro-me ao DN e ao JN. Porque será? Terá a ver com o grupo a que pertencem?
Gastei dinheiro em muitos jornais e fiquei a compreender melhor a lógica com que são feitos. Mas reafirmei o meu propósito de não confiar.

terça-feira, maio 13, 2008

221 ANOS
13 de Maio de 1787

Nasce em Peniche, no Largo da Lagoinha D. António Vicente Ferreira Viçoso.
Baptizado na Igreja da Ajuda.
Sendo de Peniche de Cima e da Freguesia da Ajuda só podia ser uma pessoa extraordinária.
Foi Bispo de Mariana no Brasil.
Humanista
Lutou pela defesa dos escravos.
Está em curso o seu processo de beatificação. Não que ser santo o torne melhor pessoa do que foi. Só lhe dá reconhecimento público.

segunda-feira, maio 12, 2008

DITADOS POPULARES

Tão ladrão é o que vai à horta, como o que fica à porta.

Tradução (segundo o dicionário de Bob Geldof)
Ladrão = Governo MPLA angolano
Horta = Angola
O que fica à porta = Sucessivos Governos Portugueses/BES e quejandos

domingo, maio 11, 2008

JOAQUIN SABINOOuçam a música deste autor/cantor de Espanha. Não há muitos discos (infelizmente) editados em Portugal. Mas a gente sempre pode ouvvir/ver no YouTube.

sábado, maio 10, 2008

sexta-feira, maio 09, 2008

NEM A PROPÓSITO
Tendo ontem vagueado pelas asas dos sonhos da Faculdade, saí de casa e fui cumprimentar amigos. Eram 10:45h. Na rua Marquês de Pombal, no cruzamento com a Rua Garrett, estava parada uma carrinha de caixa aberta com a carroçaria cheia de materiais não identificáveis para mim.
À sua volta um grupo de 6/7 jovens (rapazes e raparigas) bebia cerveja mitigando uma sede que teimava em não desaparecer. Vestiam t-shirts amarelas que os identificava como caloiros da outra Universidade de Peniche. A ESTM. As pessoas passavam e entre risos e goles de cerveja lá iam dizendo: “Viva Peniche”.
Eu fui-me afastando e de repente ouço uma discussão mais acalorada. Parei e olhei e é então que um deles, solta um brado daqueles de encher qualquer porto de estiva: “- Oh pá! Merda. Vai para o car----“.
Saí dali pensando com os meus botões. Se são caloiros e tratam-se assim, o que dirão quando terminarem a licenciatura…
Valha-nos a Universidade sénior, que esta está muito por baixo.

quinta-feira, maio 08, 2008

OS NOMES DAS COISAS – II
Estou ansioso por assistir à abertura do Ano Lectivo da Universidade Sénior de Peniche e ouvir o discurso do Magnífico Reitor. O Cortejo no Salão Nobre com os Lentes de Capelo, deve ser um acontecimento memorável.
Haverá semana do Caloiro?
Quem promoverá as praxes e de que tipo serão?
E o desfile da Queima… Sonho que se mobilizem todas as vontades de Peniche para que seja um evento com um brilhantismo ímpar.
Finalmente uma Universidade Independente, sem cor político-partidária. Peniche Tornou-se uma cidade Universitária.

quarta-feira, maio 07, 2008

OS NOMES DAS COISAS
É um hábito nosso. Temos de dar nomes às coisas. Sem isso perdemo-nos na incapacidade da identificação. Mas os nomes são supérfluos. Mutáveis. Dependem do momento. Quantas vezes não se tornam olvidados. Ou pior ainda, odiados. PIDE/DGS. UN/ANP. Ponte SALAZAR/25 DE ABRIL.
Vem isto a propósito do parque de lazer criado à entrada de Peniche. O executivo propôs designá-lo de determinada maneira. A oposição, que só pode entreter-se chamando nomes, opôs-se às propostas apresentadas.
E o parque desportivo e de lazer ficou sem nome. Não que isso tenha alguma importância. O que é importante é o que lá está, em detrimento das montanhas de areia que lá estavam.
O PSD mais preocupado em futilidades do que em ter um mínimo de credibilidade para o futuro, parece agora mais preocupado em preservar o passado de Peniche, do que quando teve responsabilidades autárquicas.
O PS, pela voz do representante do Governo Civil com assento na Câmara Municipal de Peniche, acha que Abril e Liberdade são cargas políticas fortes já consolidadas. (Onde é que esta personagem tem andado, em que país tem vivido?).
E entre nomes ou sem eles, lá vai cumprindo aquela zona de lazer a sua função, indiferente aos “idiotas” a que temos direito.
Peniche é mesmo uma terra pequenina.

terça-feira, maio 06, 2008

DÁ-ME LUME ?Quando hoje se discute por tudo e por nada. Quando se contesta o encerramento de Centros de Saúde. Quando se cortam estradas para impedir que se paguem portagens.
Quando tudo isto acontece é bom recordar os “bons velhos” e engraçados tempos que não são assim tão distantes, em que para acender um cigarro com isqueiro era preciso tirar uma licença. E digamos que não era nado barato. Por um ano de acender isqueiros pagava-se 50$00. O equivalente hoje a 4 000$00. Ou 20€.
Quem não tivesse licença, pagava 250$00 ou seja, o equivalente a 100€.
Desse valor seriam 30% para quem participasse a infracção. Mas se houvesse alguém que tivesse denunciado um amigo ou conhecido por usar um isqueiro sem licença, esse denunciante recebia 15€ de prémio.E ao que consta nunca houve nenhuma manifestação pública de “populaça” a queixar-se destas situações. Comiam e calavam. Excepto os que passavam a vida a reclamar contra esse estado de coisas. E que eram muito poucos.
É bom que se conheçam e recordem estas coisas. Quando hoje todos são heróis perante uma câmara de TV, era bom que preservássemos e defendêssemos os valores da Democracia e da Liberdade, que tanto custaram a atingir neste país.
E quando acenderem um isqueiro recordem-se que esse acto, também significa uma conquista ganha a 25 de Abril de 1974.

segunda-feira, maio 05, 2008

OBVIAMENTE DEMITO-MEO que eu pensaria que já não me aconteceria, deu-se mesmo. Sempre pensei que a minha vontade de aderir ao PS, seria a última manifestação de vontade pública e política de dar o meu nome, e com ele o meu contributo a uma causa colectiva de solidariedade pela coisa pública.
Sou de esquerda (se é que isso hoje ainda faz sentido) e é numa área democrática, republicana e plural que me revejo. Mas tenho dúvidas de que o PS hoje represente esses valores. É evidente que compreendo que a cultura de poder exige determinados compromissos. Mas não posso aceitar é que se ponham causa os valores fundamentais da democracia pluralista, para atingir determinados objectivos. E o direito ao voto é um desses princípios fundamentais. Sem o qual nada faz sentido.
Podem dizer-me que o PS mantém no seu seio pessoas de princípios socialistas que não transigem com esta transmutação em nome de valores de governação. Acredito que sim. Mas eu não tenho paciência para isso. Não vivo da política partidária, nem nunca vivi. Não tenho de transigir com certas atitudes para poder continuar a dizer o meu nome de cabeça erguida.
Muito claramente afasto-me deste PS. Ele representa uma ficção em que se diluíram os valores que o formaram para dar lugar a uma versão soft de um partido social-democrata de tendência exclusivamente de governo liberal. Isso pode ser necessário para afirmar este PS no poder. Mas eu não sou capaz de me sentir militante e continuar de cabeça erguida perante os que sempre me conheceram e conhecem. Não em nome desta ausência de valores. Desta negação da Utopia que fez o PS ser um Partido mobilizador e de causas. Verdade que não faço falta nenhuma ao PS nacional e muito menos ao PS local. Em nome da minha dignidade pessoal e do respeito que me merece o partido em que militei, dele me afasto, sem constrangimentos nem rancores.
Em anexo publico a carta em que apresentei a minha demissão.

Anexo:
José Maria dos Anjos Costa
Militante nº 33319
R. Joaquim A. Aguiar 46, 1º
2520-458 Peniche

Às estruturas responsáveis do PS
Assunto: Pedido de Demissão

A decisão do Secretário-Geral do PS, de levar ao Parlamento a Ratificação do TRATADO EUROPEU, ou TRATADO DE LISBOA, é para mim pessoalmente de uma gravidade extrema. Não está em causa se eu estou de acordo ou não com o que foi aprovado. Está em causa que depois de toda uma vida a lutar para que os portugueses pudessem decidir dos seus destinos, o PS que se vinculou com os Portugueses a referendar esse Tratado, tenha liminarmente decidido através dos seus dirigentes que os portugueses não têm capacidade eleitoral para tomar tal decisão.
E por favor não queiram fazer de mim mais “burro” do que aquilo que sou. Tenha aquilo o nome que tiver, é uma decisão única e definitiva sobre o que queremos de nós na Europa. Chame-se constituição ou tratado. Tenho 63 anos e já vi mudar-se o nome a muitas coisas, embora os seus objectivos se mantenham.
Odeio pensar que o PS se tornou um Partido acéfalo em que toda a minha gente “encarneira” com aquilo que os que detêm o poder conjunturalmente decidem. Não foi para isto que tantos portugueses deram o melhor de si ao longo de lutas sem fim contra um regime autoritário e obsoleto.
Não foi por isto que existiu a Fonte Luminosa.
Mas se o PS se revela igual ao que de pior a Democracia pode dar, se a defesa dos meus direitos essenciais como a Livre Expressão e o exercício do meu Direito ao Voto, deixaram de ter valor, então, eu já não faço nada neste PS, pelo que solicito que a partir desta data considerem sem efeito a minha filiação.

Com os melhores cumprimentos,
Peniche, 24 de Abril de 2008
José Maria dos Anjos Costa

domingo, maio 04, 2008

DIA DA MÃE
Poema à mãe

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos!
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...
Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -,
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...
Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade

sábado, maio 03, 2008

sexta-feira, maio 02, 2008

CHUMBAR OU NÃO CHUMBAR EIS A QUESTÃO
Muito se tem dito para atacar a Ministra da Educação. Uma das atitudes lapidares é a de afirmar que a ministra pretende que se passem os alunos sem que eles tenham adquirido conteúdos mínimos.
Para isso acrescenta-se que é o facilitismo que impera. É a regra de “passar” de ano os alunos para poder corresponder às estatísticas de Bruxelas.
Julgo que a resposta foi dada pela própria ministra um dia destes ao afirmar que “facilitismo é chumbar. Rigor e exigência é fazer com que todos aprendam”.
Eu acrescentaria que é fácil e cómodo chumbar. Fácil porque desistindo do aluno, não dá trabalho ao professor. Cómodo porque dá uma imagem de um professor exigente perante a opinião pública. Normalmente são os “queques” quem ofende a ministra de forma espúria. Se os queques forem políticos melhoram os substantivos de ofensa. A estes juntam-se os professores que não querem que se olhe para eles. E quanto menos derem nas vistas melhor. Por isso as manifestações colectivas são tão a seu jeito.
A escola selectiva que queques e políticos frequentaram, deu lugar à escola inclusiva. Se é que sabem o que isso significa. Julgo que nem as escolas ainda o perceberam bem. Nem os professores. Que continuam a leccionar segundo os estereótipos com que eles próprios foram ensinados e que vêm do tempo da 1ª República.
Passámos de uma escola onde as crianças eram todas iguais, para uma escola do século XXI em que todas as crianças são diferentes. E lidar com a diferença nunca foi fácil. Desistir (chumbar) é o caminho mais cómodo. Mas seguramente vai ser também o mais caro do ponto de vista material e humano.
Nunca me esqueço do caso de L.(Chamo-lhe assim para não ser identificado). A mãe de L era prostituta. O pai alcoólico. Abandonado pelos pais foi criado pela avó que coitada, não mais fazia que gerir a miserável pensão com que vivia. L. vivia um dia de cada vez e assim foi andando até que chegou ao 1º ciclo. A sua maior ambição era sair da terrinha em que vivia e ir para a grande cidade. Por tudo isso foi vivendo aos trambolhões entre o 5º e o 6º ano. Chumbando consecutivamente. Os professores habituaram-se a esses chumbos consecutivos e já nem se incomodavam quando ele nem as aulas frequentava. A Directora de Turma dizia que não havia nada a fazer. Aos 14 anos e com o 6º ano por fazer conseguiu que a mãe o deixasse ir viver com ela. Pediram transferência para a grande cidade. Professores e escola continuaram a desistir dele e ele, aos 15 anos, abandonou definitivamente a escola com o 2º Ciclo incompleto.
A última vez que o vi percorria os caminhos da prostituição juvenil.
Os chumbos sucessivos e a incompetência da escola e dos seus professores (nos quais me incluo) fizeram dele o jovem que ele hoje é.

quinta-feira, maio 01, 2008