REDES
Vou assistindo com alguma perplexidade (escolhi esta palavra que define em absoluto o que sinto) o desenvolvimento dos meios hoje disponíveis para traçar e ampliar os grupos de pessoas que pretendem fazer parte das nossas relações individuais.
Só posso falar do que sinto.
Claro que se o meu amigo Abel Campos quiser juntar-me ao grupo de pessoas com que partilha ideias, acho isso óptimo e (até porque o vejo tão pouco) adiro de imediato.
Agora se uma pessoa que se cruza comigo no dia a dia e nem os bons dias me dá me envia um pedido de amizade num sistema em rede, telefono para o meu amigo Osama, peço-lhe uma granada ofensiva e essa é a minha resposta.
Mas mais grave que isto é ainda os sacanas dos políticos a quererem que eu me ligue a eles em rede. Nunca nenhum deles me falou. Nunca nenhum se preocupou em conhecer os meus anseios. E agora, porque vão disputar eleições propõem-me um pacto de amizade. Sr. Cavaco Silva dispenso a sua amizade. Sr. Manuel Alegre não lhe permito entrar em minha casa, a não ser através dos seus livros.
Um dia destes dei-me ao trabalho de ver o que dizem (escrevem) os amigos, dos amigos, dos amigos dos meus amigos. E fiquei abismado. O que as pessoas dizem. E ainda há quem ponha em causa confessar-se a um padre. Antes uma confissão do que dizer o que li.
Isto já não são redes. São serviços de Informações, criados para se poderem conhecer pessoas e chantagear com elas.
Os que me conhecem sabem que seria incapaz de recusar um apelo de amizade das pessoas que conheço e com quem privo. E de com eles partilhar angústias e alegrias, esperanças, sonhos e frustrações. Quanto aos outros, lamento mas já não tenho tempo para me ocupar deles.
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