ASSIM NÃO, D. JOSÉ POLICARPO!
Sempre tive um grande respeito e admiração pelo seu porte intelectual. Vossa Eminência ao longo dos anos habituou-me a atitudes de grande solidariedade com os mais fracos e oprimidos numa generosidade que só posso apoiar.
Quando o ouvi dizer que manifestações de indignação perante a desumanidade a que estamos quase todos sujeitos, só podem pôr em causa a democracia e que estes sacrifícios devem ser assumidos como forma de escaparmos a um destino atroz, fiquei perplexo e indignado.
Primeiro porque já vivemos um destino atroz e temos o direito de dizer chega, até porque esse direito vem consignado na Constituição da República Portuguesa que Vossa Eminência tão bem conhece.
Segundo porque chegou a altura de serem os mais ricos (e não os mais pobres de entre os pobres), de pagarem a delapidação do bem-estar social de que o povo é o único que não tem culpa. E nos mais ricos incluo a Igreja Católica, detentora de um Património riquíssimo que Vossa Eminência considera protegido pela Concordata, como se esta fosse mais importante que a Constituição da República.
Terceiro porque as manifestações são a única forma que as pessoas serem ouvidas por quem de direito. É mais importante que as pessoas se manifestem solidariamente e gritem a sua indignação, do que irem a Fátima ou em procissões. Afinal para que Deus ouça os que têm Fé, basta que estes rezem no aconchego dos seus lares. A oração será ouvida. Mas os governantes precisam de demonstrações claras de repúdio para perceberem os limites que não podem ultrapassar.
D. José Policarpo ou eu não percebi o que quis dizer (e preferia que fosse isso), ou percebi e perco o respeito que tenho por Vossa Eminência.
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