sexta-feira, outubro 26, 2012

REVISITAR UM CERTO PASSADO
Por razões que não vêm ao caso recordei os meus tempos de Campo de Ourique. Ali passei 6 anos da minha vida.
Vivi na R. Luís Derouet em frente à “Padaria do Povo”. Na rua Tenente Ferreira Durão mesmo em frente ao mercado. Morei na R. Santana à Lapa a 50 metros da Av. Infante Santo.
Palmilhei milhares de quilómetros na Saraiva de Carvalho, na Ferreira Borges, na Silva Carvalho, na R. Buenos Aires.
Bebi milhares de cafés no “Meu Café” onde pontificava o Sr. Alexandre e com o Sr. Júlio que tinha umas mãos maiores que bandejas. Na cave vi o Benfica ser campeão Europeu e vi brilhar no firmamento do Futebol a Eusébio. No “Canas” que o Dr. Carvalho de Lima elegia como local adequado para as suas traduções dos livros da colecção “Vampiro”. Recordo o “Canas” e as mesas de bilhar. A “Tentadora” onde trabalhava o penicheiro David que entretanto veio a regressar a Peniche.
Recordo as horas em que eu e a Mámi, calcorreávamos as ruas de Campo de Ourique, ela do lados pares e eu dos ímpares, até encontrarmos um andar para ela poder alugar.
Recordo as matinés dos cinemas “Paris” e do “Vergas” e posteriormente do “Europa”.
Recordo as tardes de bom tempo nas esplanadas do Jardim da Estrela e o “meu 1º de Maio” com cargas da polícia de choque e a gente a abrigar-se no “Értilas” para evitar as carrinhas da polícia política. Recordo as noites à conversa no Jardim da Parada e em dias de maior aventura ao longo das ruas que levavam à Baixa para ir ver a Lisboa que nos estava vedada por dificuldades económicas.
Recordo os almoços na Sevilhana quando pedíamos ½ dose para dois. E os almoços na Cantina do IIL (até sermos expulsos por mau comportamento), quando o Colaço roubava os bifes ao “Zé Puto” que sendo pequenino não precisava de comer muito. Recordo as noites de 5ª Feira em que nos encontrávamos com o restante pessoal de Peniche que estudava em Lisboa, para um convívio provinciano e de matar saudades.
Este era um tempo em que a viagem de Peniche para Lisboa ou vice-versa demorava 3,5 horas. As vindas a casa eram no Natal, no carnaval, na Páscoa e nas férias grandes.
O tempo que já passou. Quem vai acreditar na vida de um penicheiro a estudar em Lisboa no inicio dos anos 60 do século passado?

1 comentário:

magda disse...

Quem vai acreditar, Zé Maria....que ainda te lembras de calcorrear campo de ourique comigo até encontrar um andar para mim....e por acaso lembras-te de um dia me teres pedido para fazer farófias??....que eu nunca tinha feito...e nunca mais voltei a fazer, tal foi a porcaria que fiz naquela cozinha....BONS TEMPOS e BOAS RECORDAÇÕES. Beijinhos e obrigda por esstas lembranças.