sexta-feira, novembro 30, 2012

QUEM ME AVISA MEU AMIGO É


Escrevi aqui muitas vezes sobre a forma como encaro a Escola e o que nela deverá ser o trabalho dos professores. As minhas opiniões foram muitas vezes encaradas como uma atitude persecutória contra os professores.
Num comentário a uma postagem que aqui fiz, um prof. E amigo que aqui trabalha no nosso concelho chegou ao ponto de me perguntar o que é que eu tinha contra os colegas, pois mais parecia um exterminador implacável da classe.
Outro colega e amigo, de quem cheguei a ser professor cortou relações comigo.
Tudo isto porque aqui desenvolvi uma cruzada de apoio à generalidade das posições e alterações legislativas das ex-ministras da Educação Maria de Lurdes Rodrigues e Isabel alçada.

A casa ((a Escola) precisava de ordem e de ser dignificada pelos seus mais significativos trabalhadores. Refiro-me à classe docente e não docente. Durante muitos anos vivemos fazendo o ano seguinte igual ao anterior, tratando todos os alunos por igual, com os mesmos esquemas didácticos e os mesmos estereótipos estabelecidos e prosseguidos desde o tempo da 1ª República.
Os tempos mudavam, os valores esboroavam-se e nós (professores) não éramos permeáveis aos desafios que se iam estabelecendo na sociedade nos últimos 25 anos.

Que dizer quando um professor das áreas humanísticas não era capaz de nos fazer vibrar a ler um texto, ou do aluno que no 2º ciclo tinha aulas de matemática com um professor que aproveitava as aulas para ler o jornal, a seguir no 3º ciclo tinha como professor na mesma disciplina alguém que era incapaz de interpretar silêncios ou murmúrios e, para azar dos azares no 3º ciclo apanhava uma professora que odiava Peniche e os seus habitantes?

Deixámos a escola seguir um caminho monótono e convencional, não cuidando dela como um lugar de brilhantismo e de criatividade.
É claro que nem todos assim se comportaram. Mas infelizmente, houve muitos que o fizeram. Houve demais. E os professores perderam credibilidade perante a sociedade e a sua importância como factores de desenvolvimento e crescimento foi-se diluindo.
Até que chegámos aqui. A este ponto que eu não achava possível. Regressar aos anos sessenta do século passado, em que só os filhos da classe média e da média alta poderiam prosseguir os estudos. Rebatizem a Escola Secundária de Peniche em Escola profissional e aluguem-na à iniciativa privada. Vão saber quantos alunos formados pelo Cenfim ou pelo Forpescas, usam para a sua vida activa os cursos que lá foram ministrados.
A Escola como concepção de valor essencial ao desenvolvimento do Homem Integral de que falava Bento de Jesus Caraça está a chegar ao seu fim.
Resta-me tentar perceber porque é que as dezenas de milhares de professores que se manifestaram contra a sua avaliação, não se levanta agora contra o fim da Escola Universal e Global.
Têm o que semearam. Não se queixem.

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