A FALTA DE PUDOR
Quando eleições se aproximam é corrente manifestar interesse por aquilo que não importa a ninguém durante anos e anos, salvo nesses curtos períodos de tempo. Mas aí o despudor atinge todos. Fazem-se alcatroamentos rápidos, anúncios de obras que esperaram décadas, rotundas que ninguém quer, aparições fugazes em telejornais mesmo que pelas piores razões. É preciso é aparecer e dar nas vistas. Candidatos e pré-candidatos frequentam locais onde antes nunca foram. Os jornais nacionais e locais são um vespeiro de varejeira com notícias de bondade e de intenções nunca antes concretizadas e que após os actos eleitorais ficarão de novo para as calendas gregas. Ou com amor e caridade para os pobrezinhos nojentos que fora do período eleitoral olhamos para o lado para não os vermos.
Alguns que agora falam são responsáveis por anos de incúria ou os herdeiros desse património de incúria. É claro que estão na sua cadeira de conforto, mas não deixam por isso de ser um nojo por melhores intenções que pareçam ter. Cumpre aos eleitores separar o trigo do joio ou em última análise perceber se se trata exclusivamente de ervas daninhas, apareçam elas com as cores mais diversas ou com florações aparentemente distintas.
Durante muitos anos era necessário possuir um cartão de militante de um partido para ter sucesso. Na altura de votar nunca votes em quem tem o cartão de um partido e se tiver passado pelas “jotas” foge deles como o diabo da cruz. Ter pertencido a uma “jota” e ser político de profissão é sinónimo de incompetência e de oportunismo. Pelo menos é o que agora percebemos neste país.
Os papás passaram os seus legados político-profissionais aos seus meninos e agora deixam-lhes um emprego seguro: Assessor do Adjunto, em trânsito para uma Câmara Municipal ou para Deputado de qualquer coisa. Se não for eleito vai para secretário ou chefe de Gabinete de uma empresa público-privada. Daí a razão porque em tudo se corta menos nas PPPs.
Que merda de país.
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