DIAS ALUMIADOS
É comum nos dias que correm encontrarem-se anúncios em vários estabelecimentos a anunciar que se fazem trabalhos de costura. Eu e a minha mulher falámos sobre isto. Do tempo em que ela era menina e brincava com as amigas ao “aeroplano”, aos “batos” e um jogo acompanhado com uma cantilena de que ela ainda se lembra com uma bola contra a parede.
As raparigas da vila de Peniche estavam “condenadas” a serem empregadas de comércio, trabalharem nas fábricas de peixe, ou aprenderem a costura, para trabalharem nos alfaiates que proliferamvam por aqui, ou nas costureiras com nome feito. Uma ou outra arriscava a trabalhar por sua conta mas o período de mais trabalho era mesmo sazonal.
No Natal, no Ano Novo, na Festa de Nª Srª da Boa Viagem ou alguns anos ainda mais atrás, nos Círios. Depois havia um ou outro casamento que também era propício a comida melhorada e a roupa nova. Por serem dias de festa designavam-se antigamente por “DIAS ALUMIADOS”, tinha o facto de virem acompanhados de Festas Religiosas em que as velas se acendiam num sinal de Fé.
Tudo isto são recordações de um tempo que está a desaparecer. Comer galo ou galinha, perú ou outra ave qualquer deixou de ser sinónimo de festa. Aliás é ver quais os tipos hoje de carne mais barata. Como caíu também em desuso a matança de porco.
Estrear roupa deixou de ser sinal de festa. Com os ciganos, os chineses, a Cruz Vermelha e o Quim Zé, a roupa nova deixou de ser mobilizadora para agradecer a Deus a Graça dos dias. E também a Fé caíu em deseuso. Hoje impera a Caridade. Esta última é sinónimo de boa-vontade para com os “pobrezinhos” e serve para atenuar os nossos pecados.
Assim se esgotaram os dias alumiados, porque até nas igrejas existem cada vez menos velas e mais lâmpadas economizadoras de acordo com as normas da Comunidade Europeia.
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