PENSANDO COM OS MEUS BOTÕES
Sentei-me à secretária, preparei um scotch, acendi o cachimbo, coloquei na aparelhagem a 6ª Symphonie (sim, a “Pathétique) de Tschaikowsky, e enquanto a música fluía e se ouviam os primeiros acordes, dei por mim a pensar no tempo político que atravessamos.
A loucura dos tempos apossou-se das pessoas e dizem coisas tão certas quanto inesperadas. Pacheco Pereira ontem à noite pela 1ª vez pede a demissão do Governo e a dissolução da Assembleia da República. José Sócrates diz que este (ou o que vai aparecer a seguir) é já um Governo de iniciativa presidencial. O ministro doutor, que ainda é ministro e doutor, mas vai deixar de ser as duas coisas acusa o “malandreco” do 1º Ministro que lhe deve o lugar de em conluio com o prior do Crato lhe tirarem o tapete debaixo dos pés. Eu faço contas à vida para ver de que forma poderei ajudar a minha filha que quer continuar a estudar. Terá de trabalhar, não vejo outra solução com os cortes a que já fui submetido e aqueles que hão-de vir.
A somar a isto tudo vêm aí as eleições autárquicas. Em Peniche, o meu Concelho de nascimento e onde estou recenseado tudo parece igual ao mesmo de sempre. Cada vez menos pessoas lhes ligam qualquer importância. A Lei Autárquica mantém-se igual ao que sempre foi, isto é, sem dinheiro as Câmaras são meros instrumentos de funcionamento de burocratas. Assim como uma andorinha não faz a primavera, uma etapa do Mundial de Surf não define a actividade de um executivo autárquico. A Assembleia Municipal continua a ser a mesma arena de ineficácia que sempre foi. A única coisa que muda é a Freguesia do “relvas”. E porque muda embaraça alguns autarcas que não se atrevem a avançar com nomes. Aqui neste Concelho já todos os partidos são do “arco da governação”. O que os torna todos iguais. O PS espera tirar dividendos da situação governativa nacional, mas não me parece muito motivado para continuar a afundar-se no desastre para que a sua última experiência autárquica o lançou. O PSD autoflagela-se por inépcia e má consciência. Sobram os comunistas que se passeiam no executivo como nunca sonharam possível.
Eu para terminar este longo exercício filosófico vou fazer o meu vaticínio: O número de abstenções vai subir em flecha e ultrapassar (ou andar lá muito perto) os 50%. O número de votos em branco vai aumentar. Tal como os nulos. Quem ganhar, ganha por falta de comparência o que traz sempre o gosto amargo da inoperância e da inutilidade. Quem perde, perde mais que umas eleições. Perde voz e capacidade de intervir. Serão pessoas que não representarão nada nem ninguém.
Terminei este exercício de Tarologia ao mesmo tempo que os últimos acrdes soam e o scotch terminou. Onde é que errámos? Preferia dizer daqui a uns meses que quem errou fui eu. Seria bom para o Concelho de Peniche.
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