sábado, março 22, 2014

PORTUGUÊS VERNÁCULO ALENTEJANO


I

Por cá no meu Alentejo
Temos o nosso latim
A Alcunha é ANEXIM
Cesto grande é CABANEJO.
Chamam CHATO ao Percevejo
A Gorjeta é MELHADURA
A Diarreia é SOLTURA
As Fezes INQUIETAÇÕES
Mas ó que lindas expressões                                                                        
 Vindas de gente tão pura!

II

Grande jantarada é PANCÃO
CARAMELO é Água Gelada
Pote de barro é AZADA
E ZEBRE Oxidação.
Homem traído é CABRÃO
Mulher de mau porte é ZORRA
Fêmea estéril é MACHORRA
Neste meu vocabulário
Eu ando a ler ao contrário
Isto é que vai uma PORRA!

III

MORRINHA é Epidemia
E SISMA é fixação
DESASTRE é Acidente de viação                                                                             
CHAPA é uma Radiografia.
CATARRAL é Pneumonia
Deitar fora é AVENTAR
CAGÁÇO é Medo a fartar
E RETOIÇAS são Brincadeiras
Chamam CABRAS às frieiras                                                                             
Mas que dialeto invulgar !

 IV

Ao vadio chamam GANDULO
GIRÓLMO é sempre Jerónimo
Um GAJO é um homem Anónimo
Estar cheio é estar de CAGULO.
Ao Inchaço chamam MATULO
BORREGA é Bolha no pé
Banco de madeira é GANAPÉ
E CEGA REGA é uma cigarra
Mas que prenuncia bizarra
Parece mentira até !

 V

VELHACAS são pessoas más
E TRONGAS Mulheres da vida
Multa é MURTA toda a vida
SONTORDIA, foi há um tempo atrás.
Chamam SOFÁZES aos Sofás                                                                             
E COVA a um grande Vale
MONQUITA é Corrimento nasal
Ó ÁIK é Abalar à pressa
Para mim não há mais conversa
É um dicionário especial

 VI

TROPEÇO é Banco de cortiça
E os TRÁSTES são a Mobília
Á Lagarta chamam ROSQUILHA
MELA e BÔBAS à Preguiça.
Chamam QUADRA à cavalariça
E aos Calos chamam GINETES
Fazer Caretas são MUNETES
Aqui e em todo lado
Eu cá fico admirado
Chamarem às Meias aos SUQUÉTES

VII

ABUINHA é Borboleta
IMPÁR é Gemer de dor                                                                        
Fora daqui diz-se ANDOR
Masturbação é PUNHETA.
A Mulher trigueira é PRETA
MOFINA é ser Egoísta
Quem protesta é COMUNISTA
Mas não creio nessa versão
TESTÓ, é para afastar o Cão
Ricas palavras à vista

VIII

ÁRENCU é Pirilampo
MIUTERA é Ponte de pau
Pano de azeitona é LARÁU
TUBARÕES são Cogumelos do campo.
ENTREMENTES é Entretanto
Chamam COITO à Coutada
Muitos cães, é uma CANZUÁDA
Mas que léxico tão bonito
Se vou sair, eu me QUITO
Mas volto, não tarda nada!

IX

Cama no chão é CAMASTRALHO
Concha de buzio é BUZINO
Ao Soco chamam MOQUINO                                                                         
COPA é Roupa de agasalho.
Chamam CHINAS ao Cascalho
E às beatas BARONAS
Os Amendoins são ERVELHANAS
CAREPA é Caspa a cair
Como é tão bom ouvir
Estas expressões Alentejanas

X

ESCARIÓTE é um ser fugidio
E o Armazém é um CASÃO
CISCO é resto do Carvão
ESCONFIQUE eu Desconfio.
Tudo o que é Arisco é GENTIO
E ao Orvalho Chamam MARGIA
Lamaçal é ENXÓVIA
E as CARRAÇAS são Carrapatos
São estes os meus relatos
Que fiz em versos de um dia

XI

TRÁITA, é ter certo costume
BUZIO é estar Embaciado                                                                           
BORCALHO é mal-educado
LUMINÁRIA é um grande lume.
Ao Suco chamam CERUME.
Um LARILA é um Maricas
Os TATARANHOS são Riscas
E ZAROLHO é quem vê mal
Neste canto de Portugal
ÀS Fendas chamam TALISCAS

XII

BOCA DO CORPO é a Vagina
REGEMENTO é o período pós parto
Chamam SARDÃO ao Lagarto
E QUINITA à Joaquina.
Coisa Ruim é MALINA
LOSTRAS são Manchas na pele
Um BARAÇO é um Cordel
MAIS QUE MUITOS é muita gente
BRINHOL é Fartura quente
Na boca do TI MANEL!

XIII

Por fim, direi que é bizarro
Às Nádegas chamarem NALGAS
E às Mulheres ricas FIDALGAS
E QUARTA ao púcaro de barro.
Chamam MURRÂO à Cinza de cigarro
E a Máscara é uma CARAÇA
Muito barulho é ARRUAÇA
E as Faúlhas são CASTELHANOS
Estes vocábulos Alentejanos                                                                 
Digam lá se não têm graça?

XIV

Ditas estas palavrinhas 
Muitas mais há para dizer
Não quero ninguém aborrecer
Com as minhas ladainhas.
Eu apenas segui as linhas
Do dialeto regional
Porém não quero deixar mal
Todos os Alentejanos
E os meus queridos conterrâneos
Do concelho do Alandroal.

Sem comentários: