terça-feira, fevereiro 24, 2015

SER EUROPEU
Aos que viveram no tempo do Estado Novo, é fácil recordar quando éramos motivados contra o isolacionismo do regime, em oposição à solidariedade e fraternidade europeia. A Espanha não entrava neste conceito.
Com o 25 de Abril e os expatriados que se refugiaram por toda essa europa vieram conceitos de transnacionalismo e de unidade proletária que abriram os nossos corações e mentes a uma unidade europeia para além de uma mais cuidadosa análise.

E aí vai. Tornámo-nos europeístas sem sabermos bem o que isso significava. Abatemos barcos, os campos ficaram por lavrar, o vinho deixou de jorrar, os teares pararam, os fornos deixaram de forjar ferro e vidro e alumínio e bronze. As fábricas de conservas tornaram-se restos de museus industriais e a pouco e pouco um país de sobrevivência tornou-se um país de subserviência.
Toneladas de betão invadiram as nossas praias. Os camiões despejaram por esses caminhos alctrão quente e macio que permitiram o acesso à Europa de um país hospitaleiro e cordial.
Até que.

O resultado de tudo isto é o nosso viver de hoje e a lógica com que nos viraram do avesso. E em vez de odiarmos quem nos enganou regozijamo-nos com as dificuldades dos gregos, os embaraços dos irlandeses e a desconfiança dos espanhóis.
São os desempregados quem odeia os ciganos e quem vive do RSI. Mas poupam aos seus impropérios toda uma classe política nojenta, os banqueiros que nos roubaram e os aparentemente caritativos benfeitores que nos premeiam com uma sopinha diária.  
Odeio aquilo a que chegamos.

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