GENTES E GENTES
O período de festas que atravessámos trouxe-me à
memória um facto mesquinho, insignificante e tacanho passado na nossa santa
terrinha.
Recordo Trafalgar Square onde para tudo para se
celebrar a passagem de ano. Fecham restaurantes e pequenos e grandes negócios
porque com o trânsito interrompido e as centenas de milhares de pessoas que se
juntam para comemorar a chegada do Novo Ano, não dá espaço a mais nada.
Recordo o Terreiro do Paço e Hotéis de constelações de
estrelas ali localizados de onde se vislumbram e sentem barulhos e cheiros de
uma Lisboa cosmopolita. Os terraços são espaços de lazer e a vista é a Paz
deslumbrante do Tejo por onde passam navios.
Recordo o Big-Ben e tudo o que anuncia no seu badalar
intenso, metódico e previsível. O Parlamento britânico ouve as badaladas e as
leis saem escusas e falhadas. O 1º Ministro engana-se e julga-se irlandês. A
Rainha perde o ceptro e a coroa quando a última badalada das 15:00 ecoa. É o
fim do império britânico.
Em Peniche, nesta cidade empoeirada e de presente
comprometido circula a vontade e o abaixo assinado da nossa ignorância
poeirenta. É preciso calar os sinos. Os turistas não dormem, não repousam, não
sossegam perante o som metálico de sinos de igrejas a tocarem. E com as
assinaturas vamos acordar o poder político, económico, social e religioso.
Cale-se o Big-Bem. Que se destrua Trafalgar Square. Encerre-se
o Terreiro do Paço a qualquer tipo de trânsito.
È Peniche e as suas gentes no seu máximo esplendor.
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