O NOME DE
DEUS É MISERICÓRDIA
Recordo
claramente o Deus dos meus primeiros anos de vida. Era um Deus castigador.
Furibundo. Tudo o punha mal disposto. Ameaçador. Vivia-se num mundo de pecado a
que as crianças não escapavam. Aliás, as crianças eram muitas vezes a raiz do
pecado e urgia castiga-las. Havia um mundo subterrâneo e sinistro onde
imperavam Demónios e os seus agentes. Bruxedos e feitiçarias eram o seu
alimento. Mais uma vez as crianças e as mulheres eram o seu húmus. À volta de
tudo isto havia uma Igreja Imperial e doutrinária que apoiava, defendia e
incentivava este modelo de Deus. Era os restos de uma Igreja Inquisitorial que
sentia o seu terreno a esboroar-se e ela própria vitima se tornou vítima dos
medos que semeou.
À medida
que os anos foram passando e o meu intelecto se foi desenvolvendo ficou sem
espaço para anátemas e medos. Era uma época de descoberta que se adivinhava,
onde tudo o que diminuísse a capacidade humana de se libertar não tinha lugar.
O fim da II Guerra Mundial, a revolta dos estudantes em Paris, a queda do Muro
de Berlim, o fim do Império Soviético e outros Ipirangas que se foram ouvindo e
acontecendo roubaram lugar ao mundo do oculto e deram primazia a sonhos e à
esperança. Foi aqui que nasceu e foi germinando um novo Deus feito de Amor e de
Misericórdia de que o actual Chefe da Igreja é o seu expoente máximo.
É que os
sinais de ódio são tantos e desenvolvem-se de tanta maneira que só o amor os pode
extinguir. Aqui bebeu e se foi tonificando a nova mensagem da Igreja. Que
infelizmente demora a espalhar-se. A misericórdia contém perdão e e carinho.
Contém alegria e Paz.
Não são
fáceis os caminhos do perdão.
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