quinta-feira, fevereiro 11, 2016


O NOME DE DEUS É MISERICÓRDIA

Recordo claramente o Deus dos meus primeiros anos de vida. Era um Deus castigador. Furibundo. Tudo o punha mal disposto. Ameaçador. Vivia-se num mundo de pecado a que as crianças não escapavam. Aliás, as crianças eram muitas vezes a raiz do pecado e urgia castiga-las. Havia um mundo subterrâneo e sinistro onde imperavam Demónios e os seus agentes. Bruxedos e feitiçarias eram o seu alimento. Mais uma vez as crianças e as mulheres eram o seu húmus. À volta de tudo isto havia uma Igreja Imperial e doutrinária que apoiava, defendia e incentivava este modelo de Deus. Era os restos de uma Igreja Inquisitorial que sentia o seu terreno a esboroar-se e ela própria vitima se tornou vítima dos medos que semeou.  

À medida que os anos foram passando e o meu intelecto se foi desenvolvendo ficou sem espaço para anátemas e medos. Era uma época de descoberta que se adivinhava, onde tudo o que diminuísse a capacidade humana de se libertar não tinha lugar. O fim da II Guerra Mundial, a revolta dos estudantes em Paris, a queda do Muro de Berlim, o fim do Império Soviético e outros Ipirangas que se foram ouvindo e acontecendo roubaram lugar ao mundo do oculto e deram primazia a sonhos e à esperança. Foi aqui que nasceu e foi germinando um novo Deus feito de Amor e de Misericórdia de que o actual Chefe da Igreja é o seu expoente máximo.

É que os sinais de ódio são tantos e desenvolvem-se de tanta maneira que só o amor os pode extinguir. Aqui bebeu e se foi tonificando a nova mensagem da Igreja. Que infelizmente demora a espalhar-se. A misericórdia contém perdão e e carinho. Contém alegria e Paz.

Não são fáceis os caminhos do perdão.

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