quinta-feira, fevereiro 25, 2016


O SILÊNCIO DA CIDADE DE PENICHE

Percorremos as tuas ruas e vivemos o descalabro em que caíste. Sucedem-se os espaços vazios e os que se encerram sobre descalabros financeiros sucessivos. Em tempos numa rocha colocada estrategicamente a emoldurar uma rua, lia-se mais ou menos isto: “O progresso de Peniche é o resultado do labor dos seus pescadores.” Acabados os pescadores, o progresso parece desvanecer-se.

Parece que definitivamente nos voltamos para o Turismo e serviços. Isto tem um preço difícil de pagar e a que assistimos todos os dias. Longe vai o tempo em que Peniche era uma terra que não dormia. O labor de mais de uma centena de barcos da pesca do cerco e o transporte de milhares de quilos de peixe para as fábricas e para a distribuição em todo o país, enchia os nossos olhos e ouvidos de espanto e maravilha.

O Turismo, ainda uma indústria sazonal e muito fechada em áreas especificas está longe de trazer o labor sem horas com que a pesca nos brindava. Os serviços muito específicos e sem impacto financeiro dada a situação de crise em que todo o país vive não faz reviver a multiplicidade de actividades que outros tempos já viveram.

A cidade de Peniche neste período de invernia tem dias em que mais parece uma cidade fantasma.

Não falo já de uma actividade cultural e/ou recreativa digna de registo. Neste campo somos o que fomos e, para além do “facebook” uma vivência a raiar a cusquice, pouco consegue animar as hostes.

Vivem hoje pequenos grupos de uma relação muito agregadora em torno de projectos comunitários muito próprios. É a Casa do Benfica, é p Vila Maria, são os bares da Ribeira velha, ou uma ou outra convivência mais intima ainda sobre grupos musicais sem expressão, ou encontros de fim-de-semana mais minoritários ainda.

Sobre actividades políticas ou de associações sectoriais a que assistimos o resultado é cada vez mais indigente, pois servem exclusivamente interesses pessoais egoístas e de ascensão individual. 

O silêncio de Peniche tornou-se uma imensa gritaria que ensurdece os poucos que ouvem. 

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