MÁRIO DIONÍSIO
In “Terceira Idade”, 1952
País de azulejos partidos
de erva
trepando entre paredes em ruína
País
entregue à sua sina
sem olhos e
sem ouvidos
País voraz
ruminando o almoço
rindo ou
chorando incapaz de sorrir
País de
corpo aberto a quem está a seguir
País do
rastejar entre a pele e o osso
Pulinhos
para trás e para a frente
de polegar
na cava do colete
foguetes procissões
uns copos de palhete
país da
pequenez de si mesma contente
País
indiferente aos que dão por ele a vida
País herói
se não há perigo em sê-lo
País de
velhos do Restelo
dando à
mão-baixa perto e consentida
País que
tudo quer e nada quer tudo suporta
País do faz
como vires fazer
País do
quero lá saber
do quem
vier depois que feche a porta
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