quinta-feira, fevereiro 09, 2017


A EUTANÁSIA E O MITO DE SISÍFO – 2ª PARTE

Começo por fazer pelo menos dois pontos essenciais que se movem na minha cabeça:

1º - Acredito firmemente na inviolabilidade da vida Humana. Sou absolutamente contra a pena de morte seja em que circunstâncias forem. Jamais aceitarei que alguém se possa arreigar ao direito de decidir sobre a vida de outra pessoa.

A única vez em que uma situação próxima deste limite me foi colocada, recusei liminarmente essa opção. Foi quando a minha mãe se passou a alimentar de forma induzida e eu tive de carregar a comida numa seringa para o efeito. Podia ter negado essa possibilidade e aguardar que a natureza seguisse o seu ritmo normal. Mas conhecendo eu a minha mãe e a Fé que ela professava nunca me ocorreu decidir por ela se podia morrer. Alimentei-a eu de forma artificial até que se apagou definitivamente. Foi este o caso limite em que estive envolvido. E não o fiz por mim. Fi-lo por ela. Ela poder morrer por decisão minha foi hipótese que nunca se me colocou.

2º - Ninguém tem o direito de decidir sobre se eu em pleno uso das minhas faculdades mentais decidir morrer. Seja por doença, seja por considerar que não devo continuar a viver. Posto isto, considero uma infâmia que deputados que não elegi e que nunca anteriormente os ouvi perorar sobre este assunto, virem agora seja que por razões forem a decidir sobre o que eu posso fazer com a minha vida, desde que a minha decisão não coloque em causa a segurança e a vida de outros seres humanos. O DIREITO de querer ou não viver a minha vida é meu e inviolável. Muito menos deve ser deixado à discricionariedade de um referendo. Tendo eu a pouca consideração que tenho com muitas escolhas do povo do qual faço parte, e ridículo pensar que eu estarei disponível para aceitar decisões guiadas por fanatismos religiosos e/ou partidários.

 

Para além destes 2 princípios quero desde já afirmar-vos que aceito que alguns médicos se recusem a participar em actuar de forma activa ou passiva, numa morte assistida. Mas defendo a integridade profissional e pessoal dos que decidirem participar de forma directa ou indirecta nesse acto último da vontade pessoal de alguém, tomada devidamente.

 

Este o meu parecer sobre a eutanásia e a teoria do absurdo.

   

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