A EUTANÁSIA
E O MITO DE SISÍFO – 2ª PARTE
Começo por
fazer pelo menos dois pontos essenciais que se movem na minha cabeça:
1º -
Acredito firmemente na inviolabilidade da vida Humana. Sou absolutamente contra
a pena de morte seja em que circunstâncias forem. Jamais aceitarei que alguém
se possa arreigar ao direito de decidir sobre a vida de outra pessoa.
A única vez
em que uma situação próxima deste limite me foi colocada, recusei liminarmente
essa opção. Foi quando a minha mãe se passou a alimentar de forma induzida e eu
tive de carregar a comida numa seringa para o efeito. Podia ter negado essa possibilidade
e aguardar que a natureza seguisse o seu ritmo normal. Mas conhecendo eu a
minha mãe e a Fé que ela professava nunca me ocorreu decidir por ela se podia
morrer. Alimentei-a eu de forma artificial até que se apagou definitivamente.
Foi este o caso limite em que estive envolvido. E não o fiz por mim. Fi-lo por
ela. Ela poder morrer por decisão minha foi hipótese que nunca se me colocou.
2º - Ninguém
tem o direito de decidir sobre se eu em pleno uso das minhas faculdades mentais
decidir morrer. Seja por doença, seja por considerar que não devo continuar a
viver. Posto isto, considero uma infâmia que deputados que não elegi e que
nunca anteriormente os ouvi perorar sobre este assunto, virem agora seja que
por razões forem a decidir sobre o que eu posso fazer com a minha vida, desde
que a minha decisão não coloque em causa a segurança e a vida de outros seres
humanos. O DIREITO de querer ou não viver a minha vida é meu e inviolável.
Muito menos deve ser deixado à discricionariedade de um referendo. Tendo eu a
pouca consideração que tenho com muitas escolhas do povo do qual faço parte, e ridículo
pensar que eu estarei disponível para aceitar decisões guiadas por fanatismos
religiosos e/ou partidários.
Para além
destes 2 princípios quero desde já afirmar-vos que aceito que alguns médicos se
recusem a participar em actuar de forma activa ou passiva, numa morte assistida.
Mas defendo a integridade profissional e pessoal dos que decidirem participar
de forma directa ou indirecta nesse acto último da vontade pessoal de alguém,
tomada devidamente.
Este o meu
parecer sobre a eutanásia e a teoria do absurdo.
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