segunda-feira, junho 12, 2017


A VITÓRIA DOS INDEPENDENTES (?) EM FRANÇA

Eu sei que é errado chamar independentes ao grupo que se formou no “Em Marche” à volta de Macron. No fundo a generalidade deles ressurgem de uma esquerda e de uma direita que com estratégias velhas e obsoletas cansaram os eleitores franceses. Eu diria que o que aconteceu em França irá por surgir em Portugal e de alguma forma já começou a aparecer em pequenas comunidades dando origem a um movimento imparável de independentes nas próximas eleições autárquicas.

É no entanto impensável admitir que os cidadãos eleitores terão a mesma paciência com os independentes que manifestaram durante mais de 40 anos pelos representantes dos partidos. Estes admitiram (mal) que uma filiação partidária é idêntica a uma filiação clubística. Mas não é. Os ideais estão mortos. A vitória fugaz das redes sociais acabou com valores que demoraram séculos a cimentar. Alguns deles serviram só para determinadas pessoas alcançarem o poder económico. E com ele conquistaram o poder político. A capacidade de determinar “a verdade”, mesmo quando sustentada por falsos padrões.

Mas esta rápida sucessão de prazeres e de donos não tem qualquer sustentação. Não existe nada que suporte estas falsas ou pseudo verdades. Assim perdido o encanto é fácil partir para outro objectivo mais fácil e menos trabalhoso. Para quem conquista o poder por exclusão de partes não é difícil perceber como o manter. È não dar validade a tudo o que nos desencanta no funcionamento dos partidos políticos. O compadrio. O amiguismo. O favorecimento dos correligionários e familiares. O ámen-jesus com que nos premeiam sempre que agimos. O perder o contacto com os outros. Com quem nos critica. O transformar o nosso local de trabalho em gabinete de crise onde só têm lugar os eleitos.

Perder o contacto com a realidade é o melhor caminho para sermos substituídos.   

    

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