A VITÓRIA
DOS INDEPENDENTES (?) EM FRANÇA
Eu sei que
é errado chamar independentes ao grupo que se formou no “Em Marche” à volta de
Macron. No fundo a generalidade deles ressurgem de uma esquerda e de uma
direita que com estratégias velhas e obsoletas cansaram os eleitores franceses.
Eu diria que o que aconteceu em França irá por surgir em Portugal e de alguma
forma já começou a aparecer em pequenas comunidades dando origem a um movimento
imparável de independentes nas próximas eleições autárquicas.
É no
entanto impensável admitir que os cidadãos eleitores terão a mesma paciência
com os independentes que manifestaram durante mais de 40 anos pelos
representantes dos partidos. Estes admitiram (mal) que uma filiação partidária
é idêntica a uma filiação clubística. Mas não é. Os ideais estão mortos. A
vitória fugaz das redes sociais acabou com valores que demoraram séculos a
cimentar. Alguns deles serviram só para determinadas pessoas alcançarem o poder
económico. E com ele conquistaram o poder político. A capacidade de determinar “a
verdade”, mesmo quando sustentada por falsos padrões.
Mas esta
rápida sucessão de prazeres e de donos não tem qualquer sustentação. Não existe
nada que suporte estas falsas ou pseudo verdades. Assim perdido o encanto é
fácil partir para outro objectivo mais fácil e menos trabalhoso. Para quem
conquista o poder por exclusão de partes não é difícil perceber como o manter. È
não dar validade a tudo o que nos desencanta no funcionamento dos partidos
políticos. O compadrio. O amiguismo. O favorecimento dos correligionários e
familiares. O ámen-jesus com que nos premeiam sempre que agimos. O perder o
contacto com os outros. Com quem nos critica. O transformar o nosso local de
trabalho em gabinete de crise onde só têm lugar os eleitos.
Perder o contacto
com a realidade é o melhor caminho para sermos substituídos.
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