TELEFONES E
EMAIL’S COM O RABO DE FORA
Não me
tenho com uma inteligência privilegiada. Mas sempre estive atento de fenómenos
de invasão da vida particular dos cidadãos. Já nos idos da PIDE/DGS era comum a
polícia política fazer escutas nos telefones de pessoas mais conhecidas, ou
sequer denunciadas como opositores ao regime do Estado Novo. Nesse tempo nem
sequer acreditávamos que existisse autorização de um Juiz para proceder a
escutas de telefones. Como resultado dessas convicções ninguém que quisesse
falar de acontecimentos eventualmente tidos como desafectos ao regime então
vigente, o fazia pelo telefone. Ou se arranjava um correio que fosse
transmissor de notícias, ou aguardava-se a oportunidade possível para de viva
voz proceder à transmissão de saberes.
Com a
proletarização dos telefones, a introdução dos telemóveis mais fácil se tornou
saber o que cada um pensa sobre o que quer que seja. E viemos a saber das
histórias do “apito dourado”, da “casa pia”, do “face oculta” e de diversos
corruptores e corrompidos escutados a propósito de tudo e de mais alguma coisa.
Ao mesmo
tempo viemos também a tomar conhecimento com que facilidade “hackers” e peritos
informáticos ligados ou não à polícia, se introduzem, vasculham, espiolham,
espalham e difundem tudo o que PCs pessoais ou de trabalho vão registando para
o bem ou para o mal. Aliás até séries televisivas nos explicam de que o que
entra num computador nunca mais de lá sai. E é ver que sempre que existem
buscas à vida privada das pessoas, um dos primeiros elementos a espiolhar será
sempre o dos suportes informáticos.
Tudo isto
me faz temer por pessoas que atingiram os píncaros do poder económico ou
político, e que continuam a autodenunciar-se em mensagens via telemóveis e
email’s que trocam com os alvos da sua concupiscência. São governates, bancários,
presidente4s de clubes, ou os seus “testas de ferro”.
Afinal onde
está a inteligência destas pessoas? O que as torna tão vulneráveis? O que as
torna tão confiantes perante indícios que já condenaram tantos incautos? E é
nestas pessoas que confiamos? No fundo os “naif” somos nós.
Sem comentários:
Enviar um comentário