sexta-feira, junho 23, 2017


HOMENAGEM AO PORTO

No dia 23 de Junho de 1968 escrevi este poema na Praça da Batalha, no meu primeiro S. João naquela cidade. Aqui fica essa memória.

 

Vi na rua Portugal-povo-menino-brincando

 

A minha noite de S. João começou dois dias antes

Quando uma simpática velhinha-inha

Com um amor próprio dos dias antigos me bateu

Nas costas com um martelo

 

Velhinha-inha que amei

 

Foi um dia antes que o meu S. João começou

Às 6 e 30 da manhã de domingo

Quando as mulheres-língua-rude-trabalho

Discutiam o lugar de venda do alho-porro

Da erva-cidreira da alface e do repolho

 

Minhas mulheres que amo

 

Foi na noite de S. João que o meu S. João começou

Amigos

Foi lá no Porto onde amo o que amo que vi

Meu Portugal-povo-menino-brincando

 

Vi homens livres em torrentes de amor

Correndo saltando dançando

Martelando martelando martelando

Nas cabeças dos polícias e das meninas pardas

Nos senhores administradores gerais das sociedades X

Calcando fronteiras de espaço social

 

Vi barreiras destruídas num dia 364 dias derrubados

Repelentemente cheirando a alho

Vi mulheres quebrarem

Os mitos que as prendem

E jovens gritando e cantando sem polícias de choque

 

Vi porto-povo que amo e ri depois no meu quarto

Ri esta alegria minha de ver-te livre

Uma noite livre povo que mereces a liberdade inteira

De seres livre para amar um amor sem fronteiras

Sem cadeias amor-amor

 

Quero voltar a ver-te S. João no Portio

Quero ver-te cantar

Bater nas cabeças dos polícias

Derrubando barreiras

Quebrando mitos

Amando vivendo rindo

Quero voltar a ver-te meu Porto

Portugal-povo-menino-brincando

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