HOMENAGEM
AO PORTO
No dia 23 de Junho de 1968 escrevi este poema na Praça
da Batalha, no meu primeiro S. João naquela cidade. Aqui fica essa memória.
Vi na rua
Portugal-povo-menino-brincando
A minha
noite de S. João começou dois dias antes
Quando uma
simpática velhinha-inha
Com um amor
próprio dos dias antigos me bateu
Nas costas
com um martelo
Velhinha-inha
que amei
Foi um dia
antes que o meu S. João começou
Às 6 e 30
da manhã de domingo
Quando as
mulheres-língua-rude-trabalho
Discutiam o
lugar de venda do alho-porro
Da erva-cidreira
da alface e do repolho
Minhas mulheres
que amo
Foi na
noite de S. João que o meu S. João começou
Amigos
Foi lá no
Porto onde amo o que amo que vi
Meu Portugal-povo-menino-brincando
Vi homens
livres em torrentes de amor
Correndo saltando
dançando
Martelando martelando
martelando
Nas cabeças
dos polícias e das meninas pardas
Nos senhores
administradores gerais das sociedades X
Calcando fronteiras
de espaço social
Vi barreiras
destruídas num dia 364 dias derrubados
Repelentemente
cheirando a alho
Vi mulheres
quebrarem
Os mitos
que as prendem
E jovens
gritando e cantando sem polícias de choque
Vi porto-povo
que amo e ri depois no meu quarto
Ri esta
alegria minha de ver-te livre
Uma noite
livre povo que mereces a liberdade inteira
De seres
livre para amar um amor sem fronteiras
Sem cadeias
amor-amor
Quero voltar
a ver-te S. João no Portio
Quero ver-te
cantar
Bater nas
cabeças dos polícias
Derrubando barreiras
Quebrando mitos
Amando vivendo
rindo
Quero voltar
a ver-te meu Porto
Portugal-povo-menino-brincando
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