QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Quem acordou hoje de manhã cedo viu grupos de pessoas ainda mascaradas nas ruas, nos cafés ou nos bancos de jardim, conversando meio afónicas sobre os resíduos do Carnaval que já lá vai.
Parece que transportam consigo todo o peso da frustração pelo que já não se repetirá senão daqui a um ano. Restos de papelinhos e de serpentinas separam-se dos fatos trapalhões húmidos de suor. As bancadas vazias nas ruas são o último dos sinais. Já passaram as equipas de limpeza que devolveram á cidade um ar civilizado e urbano.
Uma mãe ou outra preocupa-se em casa pelo filho(a) que ainda não regressou. Amigos olham à sua volta procurando com ar surpreendido os(as) que se perderam pelas ruas desertas, enquanto um casal apaixonado troca um imenso e último beijo que a noite quente e sensual proporcionou.
Por entre os restos (rastos) do Carnaval sinto a maior das angústias perante aquele jovem inglês que procura o amigo desaparecido por entre a massa disforme que vê à sua frente...
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