quinta-feira, fevereiro 28, 2008

HISTÓRIAS DE ESCOLAS
Quando em Agosto de 1993 fui nomeado para a Comissão Instaladora da Escola EB-2.3 de Atouguia da Baleia fiz a mim próprio uma promessa: a de que a Escola iniciaria o seu funcionamento no período de 15 a 20 de Setembro que o Ministério previa para o calendário Escolar.
Na altura não existiam ainda equipamentos de qualquer espécie, e os arranjos exteriores estavam todos por concluir. Na altura éramos eu o Manel Cavaco, a Ana Vala, a JuJu, o Pacheco e a D. Maria José. Como não tínhamos local para trabalhar pedimos o apoio da Junta de Freguesia ao seu Presidente, o Afonso Clara, que nos cedeu o 1º andar do edifício para matrículas, tratamento de correspondência, constituição de turmas, recepção de encarregados de educação, etc.
A este grupo pioneiro juntaram-se depois o Cecílio, e o Farricha que, prescindindo de parte das suas férias, foram sensíveis à necessidade de credibilizar a Escola desde o seu 1º dia de funcionamento.
Para a constituição de turmas fomos à D. Luís de Ataíde e à Secundária de Peniche buscar os elementos de matrícula dos alunos que íamos receber. Ao chegar à Junta e ao meter as mãos no trabalho para constituir as turmas, base de todo o trabalho em tudo o resto se desenrolaria, tive a maior surpresa da minha vida. Não havia um único aluno assinalado com Necessidades Educativas Especiais (NEEs). As turmas poderiam ter todas o número de alunos normalizado, e o pedido de colocação de professores para a 2ª parte do Concurso iria desenrolar-se de forma pacífica.
Eu que vinha de uma Escola (na Lourinhã) que se tinha notabilizado entre outras coisas pelo apoio prestado a alunos com problemas, sendo que o número destes descobertos todos os anos não parava de crescer, respirei de alívio.
Num novo concelho, sem conhecer bem os meandros do funcionamento dos diferentes serviços, e a sua sensibilidade face a este tipo de problemas com as crianças, instalar uma escola e ainda por cima com crianças com sintomatologias diferenciadas que exigem acompanhamento especializado, não seria “pêra doce”.
Como eu estava enganado. Não havia crianças assinalados nas suas diferentes escolas de origem. Mas quando o ano lectivo ia a meio já tinham sido descobertas cerca de 30 situações a exigirem a atenção quer do Centro de Saúde, quer do Ministério Público, quer da Comissão de Protecção de Menores, quer de Instituições especializadas em matéria de Deficiências.
Vem isto a propósito de Escolas, e da necessidade de avaliar o desempenho dos professores. È que pode ser fácil ou difícil desempenhar esse trabalho. Depende daquilo que queremos da Escola e dos objectivos que pretendemos atingir. E de serem os alunos (ou não) o principal alvo da nossa actuação.
No dia em que os professores protestarem com a mesma veemência a falta de condições técnico-didácticas que algumas escolas apresentam para a aprendizagem dos seus alunos e com a imaturidade em que se baseia certas práticas de avaliação de alunos, com que agora protestam em torno do seu umbigo, nesse dia, eu dar-lhes-ei toda a minha solidariedade.

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