segunda-feira, fevereiro 02, 2009

O DRAMA DE JEAN BAROIS
Nunca como hoje este livro de Roger Martin du Gard me surge tão actual (para mim). Espero poder resistir ao ocaso da vida. Não estou a falar de me recusar a envelhecer. Isso é uma inevitabilidade. Mas ao desejo que tenho de ir mantendo as minhas capacidades intelectuais minimamente em estado operacional.
De facto eu tenho em relação à Morte um desaguisado muito grande. É que não me apetece nada enfrentá-la. Porque sei que muito dificilmente sairei vencedor nessa luta. E eu, só de pensar que vou morrer (desaparecer) já tenho saudades de mim. Mal ou bem, gosto do que vejo, ouço, leio. Mesmo quando me passo da “corneta” fico depois todo satisfeito porque refilei, resmunguei e incomodei.
Nada me perturba mais do que a ideia de que me poderei tornar num vegetal. Olho à minha volta e a maior parte da minha família mais próxima desapareceu. Estou a ficar só. O meu pai continua a estar presente todos os dias. O meu irmão vai-me visitando regularmente. Mais regularmente do que quando estava vivo.
E eu vou desejando manter a lucidez imprescindível para poder estar aqui todos os dias. Sem abdicar ou negar os princípios e valores em que fui educado e que me ajudaram a ser a pessoa que sou.

1 comentário:

Linaquim disse...

Tenho a sua idade e aos 15/16 li o Drama de Jean Barois. Foi um livro com grande impacto que gostaria de voltar a ler agora com a vivência dos 65 anos e também com os amigos a tombarem em progressão geométrica.

Procurei mas já não o encontrei nas livrarias.
Sabe de algum alfarrabista que o possa ter?

Antecipadamente grato por uma resposta
Espinheira Gomes
espi.jose@gmail.com