POESIA
Sei que este não é um tema que colha muito junto das pessoas. E agora que o mundo parece desabar sobre as nossas cabeças, sem dinheiro para pagar as prestações do carro, da casa, da mobília, do PC, menos importa ouvir, ler e falar de poesia.
Durante muitos anos em livrarias e alfarrabistas persegui o “Poesia Toda” de Herberto Hélder.
Caracterizadora dos tempos que vivemos é a minha ida à Bertrand no Chiado. No balcão atendeu-me uma menina a quem perguntei pelo livro. Disse-me que não se recordava de ter ouvido falar. Pedi-lhe então para ver no computador se tinha algum livro de Herberto Helder. Quando a vi escrever o nome do autor, ia caindo para o lado e disse-lhe antes de morrer: - Menina! Escreve-se com H. Respondeu-me que estava distraída e que sabia muito bem que Helder se escrevia com H. Eu antes de fugir porta a fora ainda lhe disse: - Menina! Herberto também.
Isto para dizer o quê? Que o autor se tornou um ilustre desconhecido pela raridade/dificuldade com que se encontram os seus livros. E no entanto, ao lado de Camões e Pessoa, Herberto Helder é a terceira pessoa da Santíssima Trindade da Poesia Portuguesa.
À minha frente estão “A Faca Não Corta o Fogo”, “Ou o Poema Contínuo” e “Doze Nós Numa Corda”. Sou um felizardo.
PS: Helder no nome próprio de Herberto Helder, escreve-se sem acento no e. Não estou distraído.
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