quinta-feira, novembro 25, 2010

JOAQUIM GOMES
Comunista. Indefectível de Álvaro Cunhal. Meu vizinho durante uns anos (esteve preso em Peniche de onde fugiu). Amigo do meu sogro. Um cidadão preso e presa da sua fé em ideais de que nunca abdicou.
Um amigo de Peniche. Vi-o e falei com ele inúmeras vezes em algumas das suas muitas visitas a Peniche, onde regressou sempre sem traumas, para transmitir às gerações mais novas o que foi a sua experiência e um tempo que é desejável que esteja afastado para sempre.
Morreu no passado sábado dia 20 de Novembro com 93 anos. Julgo que Peniche lhe deve uma homenagem. Nem que seja uma lápide na que foi a cela onde esteve detido.
Não por ter sido um lutador anti-fascista (muitos outros o foram). Mas por ter sido capaz de fechar dentro de si as dores de uma prisão ignóbil e regressar sempre a Peniche com amizade, para pedagogicamente nos transmitir as suas vivências. Para que não se esqueça.
Conheço pessoas que estiveram aqui presas e seus familiares que fizeram jura de aqui nunca mais regressar. Pelas memórias que não conseguem apagar. Não ele. Homem simples de palavras simples e sentimentos lineares, a sua luta era pela felicidade dos outros mais do que pela sua própria. Morreu um homem bom.
Cairá num saco roto a minha proposta de uma homenagem ao amigo de Peniche. Chegando a altura do 25 de Abril vão fazer uma festa estafada e sem sentido. Esquecendo que a história se escreve todos os dias para lá das greves e dos gritos nas manifestações.
Eu por mim já fui lançar um cravo vermelho no fosso da Fortaleza para assim o honrar.

1 comentário:

Bento Gonçalves disse...

o Camarada Dias Lourenço também teve o mesmo percurso e o mesmo amor por Peniche, regressando muitas vezes para relembrar que a Luta Continua!