terça-feira, fevereiro 28, 2012

PARA PENSAR
O que faz diferir um homem dos animais é a sua capacidade de pensar. E de discutir (trocar opiniões com outro). É na dialéctica que o Homem assume verdadeiramente a sua dimensão humana e se torna senhor do seu destino, logo, do seu futuro.
Posso não concordar com o que me dizem. Mas discuto. Posso não querer como meus os valores dos outros, mas falo em defesa do que acredito e assumo discordar do que me propõem.
Neste tempo de crise fui buscar este texto que acho ser um paradigma do período que vivemos. É discutível mas é bom que se leia. Tem tudo muito a ver com o neo-liberalismo que nos disputa o direito ao pequeno-almoço.

“Na esfera do trabalho não conta o que se faz, mas que se faça algo enquanto tal, pois o trabalho é justamente um fim em si mesmo, na medida em que é o suporte da valorização do capital-dinheiro – o aumento infinito de dinheiro por si só. Trabalho é a forma de atividade deste fim em si mesmo absurdo. Só por isso, e não por razões objetivas, todos os produtos são produzidos como mercadorias. Pois somente nesta forma eles representam o abstractum dinheiro, cujo conteúdo é o abstractum trabalho. Nisto consiste o mecanismo da Roda-Viva social autonomizada, no qual a humanidade moderna está presa.
E por isso, o conteúdo da produção é indiferente tanto quanto a utilização dos produtos e as conseqüências sociais e naturais. Se casas são construídas ou campos minados produzidos, se livros são impressos, se tomates transgênicos são criados, se pessoas adoecem, se o ar está poluído ou se “apenas” o bom gosto é prejudicado – tudo isso não interessa. O que interessa, de qualquer modo, é que a mercadoria possa ser transformada em dinheiro e dinheiro em novo trabalho. Que a mercadoria exija um uso concreto, e que seja ele mesmo destrutivo, não interessa à racionalidade da economia empresarial, para ela o produto só é portador de trabalho pretérito, de “trabalho morto”.
A acumulação de “trabalho morto” como capital, representado na forma-dinheiro, é o único “sentido” que o sistema produtor de mercadorias conhece. “Trabalho morto”? Uma loucura metafísica! Sim, mas uma metafísica que se tornou realidade palpável, uma loucura “objetivada” que prende a sociedade com mão férrea. No eterno comprar e vender os homens não intercambiam enquanto seres sociais conscientes, mas apenas executam como autômatos sociais o fim em si mesmo pré-posto a eles.” MANIFESTO CONTRA O TRABALHO (Grupo Krisis)

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