segunda-feira, agosto 18, 2014

OUTRO TEMPO
Eu tinha 6 anos e o meu irmão 9. Nesse tempo vestíamos roupa que só mais de 60 anos depois iria ser o modelo a utilizar na Coreia do Norte. O meu corte de cabelo manteve-se inalterado ao longo dos anos e até agora.
O lugar é o quintal de casa dos meus avós paternos (os maternos não tinham dinheiro para mandar cantar um cego). Estamos no meio do canteiro de estimação da minha avó Guilhermina. Recordo os brincos de princesa e as bocas de jarro.
Ao fundo vê-se o pombal. Eu adorava canja de "borrachinhos". Eram pombos correios que o meu pai treinava. Por baixo do pombal havia a capoeira onde a minha avó tinha sempre em "criação" duas penosas e um galo, alimentados a milho e a sêmeas. O seu destino seria sempre o tacho em domingo de Festa ou no Natal.
Do lado direito do pombal está a fornalha onde todos passávamos sábados e domingos a derreter chumbo, para fazer as "chumbicas" para os barcos da pesca do cerco, forma de conseguir suplementos auxiliares ao rendimento da família.
Deste quintal da minha infância restam mais 2 ou 3 fotos não tão expressivas como esta. Sinto-me  confortável com o meu passado.

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