sexta-feira, agosto 01, 2014

A FESTA DE Nª SRA. DA BOA VIAGEM
Poucos anos foram tão controversos em relação a estas festividades como o actual.
Praticamente nasci com a Festa. Sempre me lembro de ver a Festa com características muito semelhantes que lhe conferiram identidade própria.

Recordo do Pe. Bastos a dizer-me que a Festa tinha duas vertentes. A Religiosa de que ele não abdicava a sua organização e a profana que era da responsabilidade da Comissão de Festas.
A Câmara cedia o terreiro do Campo da Torre e a comissão com o aluguer aos feirantes angariavam os fundos necessários para levar a efeito a Festa.
Mais tarde a Câmara cedeu um local para guardar os enfeites e para a pernoita dos trabalhadores que os vinham aqui colocar.
Tudo muito resumido é isto.

Ao longo dos anos é claro que ficaram memórias que hoje os mais velhos recordam. As barracas dos tirinhos. As senhoras que prestavam atendimentos na Prageira no período da Festa, aos rapazes e homens que procuravam as delícias carnais. As barracas dos tachos e das panelas. O homem da venda dos turcos. Os restaurantes de frango assado amovíveis. As cavacas e o Poço da Morte.
Tudo isto era a Festa da Boa Viagem, incompreensível para os mais novos e para os recém-chegados. O correr dos tempos trouxe as novas vendas e a conversão do arraial numa feira de roupas e sapatos. Os feirantes nortenhos foram substituídos pelos ciganos e é aqui que começam os mal-entendidos.

Dizem-me que os ciganos não pagam terrado. Ou fogem sem pagar. A solução foi proibir a venda de roupas e sapatos na Feira. É claro que não houve coragem para proibir a entrada no Arraial a ciganos. Era demasiado xenófobo para ser assumido pelos responsáveis da Igreja católica local que se disponibilizam para organizar a Festa da Boa Viagem. Adoro estas manifestações de amor ao próximo. Este hino às boas aventuranças. A seguir serão quem os próximos banidos? Os ricaços que espoliam bancos e que nos obrigam a pagar impostos extraordinários? Ou os que usem havaianos? Ou tornar-se-á definitivamente uma festa só para católicos?
Volte Pe Bastos. Está perdoado.

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