terça-feira, novembro 22, 2016


O PAPA E O ABORTO

A igreja católica tem sido demasiadas vezes apanhada em contramão. Os seus últimos chefes têm vindo a pedir perdão a Norte e a Sul, Este e Oeste, pelos crimes que cometeu durante largos anos. Em nome de Deus, ou de Jesus, ou da sua Igreja torturou, matou, queimou e exterminou civilizações, culturas, etnias e comunidades em genocídios de que nunca foi julgada.

Foram suas vitimas judeus, pretos e amarelos, muçulmanos, pessoas sem qualquer fé, ou aqueles que contestaram os dogmas da Igreja e que com a sua inteligência e independência colocaram em causa o domínio e o poder da chefia romana da igreja católica.

Ainda há poucos dias o Papa Francisco se redimiu pelos crimes da igreja catáolica contra a igreja luterana.

Tudo isto vem a propósito do aborto. Numa comunidade como a de Peniche sempre houve mulheres a praticarem aborto. A D. Efigénia é por demais conhecida por aqueles que hoje têm mais de 50 anos. A seguir a ela quantas Efigénias não acudiram a mulheres da minha terra. Curiosas ou mais preparadas tecnicamente, sempre ajudaram a resolver gravidezes indesejadas. A minha avó fez abortos, a minha mãe fez abortos. Falo delas embora pudesse falar de muitas outras que conheço. E no entanto sempre comungaram. Ninguém que eu conheça, tenha praticado o aborto e seja católica alguma vez deixou de o ser e de comungar.

E no entanto nunca pediram ao Bispo para as perdoar. Como o Padre não o podia fazer significa que comungavam em pecado mortal.

As mulheres da minha terra (entre elas a minha mãe e a minha avó) eram exactamente iguais às mulheres das outras terras por todo este país. Ora foi a esta hipocrisia que o Papa Francisco veio por fim.

As Marias Madalenas são muitas. O coração misericordioso da Igreja tem de ser enorme. Ou então decide continuar a atear fogueiras para queimar hereges. Os mesmos que a destruirão a ela se não souber por fim ao seu ódio pelas pessoas.    

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