UM CASO DE
AMOR
Corria a 2ª
metade do mês de Abril de 1974. A minha mãe iria dar entrada a 24 desse mês na
Cruz Vermelha Portuguesa para ser operado à vista, pois já tinha cegado. A 25
é-lhe comunicado que teria que abandonar o Hospital para ele poder dar resposta
a eventuais situações de feridos que uma revolta das Forças Armadas pudesse
eventualmente provocar.
Nessa
altura uma família de Lisboa que visitava Peniche há vários anos e que se
tornara amiga de meu pai, convidou-o e à minha mãe para aguardar em casa deles,
nova data para o acto operatório que se viria a realizar de facto a 28 do mesmo
mês.
Assim é que
nasceu aqui uma amizade que se desenvolveu até à morte dos meus pais. A partir
daí dilui-se no tempo as relações dessa família comigo e com o meu irmão
enquanto foi vivo.
Por causa
do Benfica e de algum jornalismo de grande qualidade que felizmente ainda vai
ocorrendo no nosso país, vim a perceber que um desses jornalistas se tinha
ligado pelo matrimónio a uma das meninas que pertencia a essa família.
Aproveitei
esse conhecimento para lhe enviar uma foto desse tempo com aquela que iria ser
muitos anos depois mãe do seu filho. Ele de forma simpática enviou à família essa
foto, o que veio a gerar uma cadeia de solidariedade entre todos aqueles que o
tempo tinha matado o contacto.
Hoje e
depois do reatar desse contacto sinto a alegria de que a amizade, o carinho e
mesmo o amor que une pessoas das mais diversas formações, dos mais diversos
locais e interesses culturais, políticos ou outros, é um valor a preservar nos
tempos difíceis que vivemos hoje, em que a ausência de laços paraece permitir
todo o tipo de má fé entre as pessoas.
Podem
passar os anos, que se por um momento de acaso baterem as asas de uma borboleta
na Austrália quando um Benfiquista celebra um golo, em Peniche pode
perfeitamente um tipo reformado achar que assistiu a um milagre.
Louvado
seja tudo o que contribuir para unir as pessoas.
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