PROFISSÕES QUE NÃO MAIS EXISTEM…
Um destes dias em conversa com a minha mulher veio-nos à memória uma actividade que existia em Peniche e que o desenvolvimento tecnológico, a massificação dos bens de consumo e o crescimento em flecha da capacidade de compra, veio a tornar obsoleta.
Refiro-me às APANHADEIRAS.
Tratava-se de uma pequena economia de subsistência, normalmente desenvolvida por mulheres solteiras já com alguma idade. As apanhadeiras, como o seu nome indica, apanhavam malhas em meias de vidro. Tinham um copinho e uma maquineta com uma agulha pequenina que segurava o fio de nylon partido da meia e que depois com um movimento de vai-e-vem, entrecruzava novos fios retirados de meias velhas e iam dar uma nova textura à meia cujas malhas se tinham quebrado.
Em Peniche recordo uma senhora que trabalhava nessa actividade nas casas do Antão e três irmãs que residiam perto de casa da minha avó, que também se dedicavam a esse trabalho.
Hoje muito poucos delas se recordam e não passa pela cabeça de ninguém que alguma vez alguém tenha sobrevivido a apanhar malhas em meias de nylon. Para já porque não são muitas pessoas que as usam. Depois porque o aparecimento de uma malha, atira aquele par de meias para o lixo e que se comprem umas novas. Por último porque seria sempre mais caro mandar apanhar uma malha que comprar meias novas.
Esta é uma profissão que se tornou absurda, e que acabará por cair no esquecimento. Longe vão os tempos em que uma forma de arranjar uma amante, era oferecer a uma corista um par de meias de vidro. Agora, são outros os vidros que se oferecem e outra as amantes que se conquistam. Mais prosaicas e menos difíceis.
1 comentário:
Na série "Conta-me como foi" existe uma personagem que tem essa actividade. Se não me engano é a menina Emília. Grande série da RTP que deixou de dar. e não sei se voltará.
Cumprimentos
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