A ROMARIA
Com o sol e o Verão iniciou-se a Romaria em direcção às praias. Já fui adepto desse clube. Agora nada me diz. A partir do momento em que a Sociedade de Consumo tornou as praias material vendável, o meu gosto desapareceu. As razões são múltiplas e não necessariamente por esta ordem.Detesto as concessões de praias e as restrições que lhes estão associadas.
Detesto fardas nas praias.
Detesto o ar asséptico e de plástico das praias.
Estou longe do ideal de beleza estética cultivado nesta época. Velho, branquinho e barrigudo, sinto que estou a estragar a moldura humana que tanto investiu por 15 dias ou um mês de exposição modelar.
Depois o ter que pedir licença para ter um cantinho para a toalha. A confusão de braços dentro de água.
A minha praia tinha limos e cheirava a iodo. E eu sentia-me bem nela. Quando chegava a casa vindo da praia a minha mãe ralhava comigo, por eu ter acertado com os pés em todos os bocados de nafta que existiam na praia.
Na minha praia jogavam-se jogos sem incomodar ninguém. Os cães corriam atrás dos donos. As pessoas nadavam, corriam e andavam se lhes apetecia e não porque estava na moda. Na minha praia não havia cancro de pele. Eu quando chegava a casa depois da praia comia o jantar feito pela minha mãe e a seguir encontrava-me com os meus amigos e conversava até altas horas. No tempo de praia é que eu encontrava todos os amigos que se espalhavam pelo país fora a estudar. Agora a minha praia já não existe.
Acho que agora são bandeiras azuis e douradas. E Apoios de não sei quê.
Viva a Sociedade de Consumo!
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