terça-feira, janeiro 04, 2011

CAMPOS DE TÉNIS VERSUS ACHADOS ARQUEOLÓGICOS
Nada como a gente mudar de lugar para as coisas tão simples para nós se tornem complexas. Quando eu era pequeno e tinha como brincadeira apetecível tocar às campainhas dos vizinhos, amaldiçoava-me por ser tão pequeno que tinha de me empoleirar todo para poder chegar com o dedo indicador à campainha da porta do Sr. Acácio Lacerda.
Agora passados alguns anos e com uma outra perspectiva vejo tudo de maneira diferente. Claro que agora muito mais interessante que as tocar às campainhas e viajar na NET. Mas isso já são outras histórias.
Esta relatividade que o tempo determina tem a ver com um passeio a pé que num destes dias dei nos campos do Murraçal da Ajuda e espaços anexos. Ao olhar para aqueles espaços recordei um tempo em que participei dum executivo camarário. Naquele tempo e porque éramos poucos, os pelouros muitos e de assessores éramos escassos porque era importante poupar nas finanças camarárias, eu acumulava pastas como se fosse um carteiro.
Um dos meus “clientes” habituais era o actual Presidente da Câmara. As suas preocupações então dividiam-se entre o Clube de Ténis e a CERCIP. Numa das primeiras vezes que o recebi fui apanhado de surpresa com um dossier que nem conhecia. A construção de um parque de Campos de Ténis nos terrenos por detrás da Escola Secundária. Era urgente e necessário para dar resposta ao rápido desenvolvimento que o Clube de Ténis estava a suscitar. Estudo para cá e para lá o que é certo é que os terrenos começaram a ser terraplanados e começam a aparecer vestígios que não se compreendiam muito bem, havendo a necessidade de chamar entendidos na matéria que vieram a determinar que se tratavam de fornos romanos edificados no sec. I aquando da actividade dos romanos na península ibérica e mais concretamente na Ilha de Peniche. Passou então a surgir a ideia de compatibilização daquele memorial com os campos de ténis, contribuindo assim para a sua preservação. O CAT de Caldas da Rainha começou a desenvolver a ideia e a pressão do António José Correia para a sua execução era constante. Só que entretanto eu saí da Câmara e mais de 10 anos depois fui encontrar aquele espaço no estado que as fotografias documentam.
É aqui que as campainhas das portas entram. Nada como nós mudarmos de lugar para tudo assumir outra importância. Os campos de Ténis perderam prioridade e não me consta que façam parte dos desígnios deste executivo. Penso aliás que com a actual crise financeira com que as Câmaras se debatem seria errado precisamente agora avançar com eles. Mas ficaria bem informar os Munícipes sobre esta matéria. Não é irrelevante ser absorvente quando estamos de um lado da secretária e tornarmo-nos permissivos quando nos sentamos do outro lado.

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