quinta-feira, janeiro 27, 2011

ENSINO PARTICULAR: - GRANDE FRAUDE

Enunciemos 3 princípios básicos em que acredito firmemente e que sustentam a minha opinião:
- Os pais têm o direito de escolher a Escola onde querem que os seus filhos aprendam, desde que se responsabilizem eles próprios por essas opções.
- O Ensino Particular visa o lucro. O Ensino Oficial visa a prestação de um Direito Constitucional.
- Os pais não são senhores absolutos dos seus filhos. Estes são sim o fulcro da acção familiar.

Esta história dos Colégios particulares cheira mal que tresanda. É bonito falar-se do direito á escolha do local em que se pretende que os filhos estudem e os outros que lhe paguem a estadia. Os alunos filhos dos pescadores de Quarteira, têm o direito de optar pelo colégio de Vale do Lobo?
Os colégios dão-se ao luxo de ter regras em que assentam os seus pressupostos e o Ministério da Educação que as pague.
Os donos dos Colégios querem ter lucros. Se conseguirem sacar dinheiro ao Estado para potenciar os seus lucros, tanto melhor.
Quem já se esqueceu dos rios de dinheiro que o Estado injectou no Colégio Atlântico de Peniche, para no fim ir à falência? Do seu corpo de Professores a grande maioria dos licenciados eram também professores no Ensino Oficial. O Colégio Atlântico era reconhecido a nível Nacional pelas suas festas, mordomias que dava aos professores com estágios no estrangeiro e a alta finesse em que se movimentava com ciclos de conferências que faziam inveja a muitas Universidades. No fim, tiveram de ser as escolas públicas a absorver os seus funcionários, professores e alunos.
As diferentes crenças religiosas querem ter um Ensino confessional e os pais querem os seus filhos em ambiente de adoração ao seu Deus privado? Muito bem. Eles que paguem os custos das suas opções. Não me venham com histórias de Projectos Educativos. 99% dos pais não sabem rigorosamente nada do PE da escola em que matricularem os seus filhos. Nem das outras. Na grande maioria das vezes a Escola para os filhos é escolhida em função do tempo de retenção dos alunos nos estabelecimentos de ensino, em ocupações mais ou menos brilhantes. Mas isso deverá ser pago por quem o quer. Na Escola Pública também se gostaria de ter aulas de piano, de golfe ou de Arte.
A lógica dos Colégios é a de que os lucros são nossos, os prejuízos pertencem ao Estado que tem obrigação de pagar ao Ensino Particular o que paga à escola Pública. Nada mais errado. Qual a lógica de eu querer ser dono de um colégio para obter um rendimento pessoal e ser depois o Estado que é detentor de Escolas públicas, pagar para que uns quantos possam ter filhos onde mais lhes agrada? Claro que há meia dúzia de Escolas Particulares onde gostaria de ter tido a minha filha a estudar. Mas não tinha dinheiro para isso e nem sequer admiti a hipótese de pedir dinheiro ao Estado para isso.
Depois vivemos num momento em que aparecer na Televisão faz ruído e vende comerciais. Hoje mesmo às 9 da manhã a televisão pública estava nas Caldas da Rainha a dar conta do encerramento de um Colégio com professores em camisa de dormir a fazerem barulho, acompanhados dos pais e dos alunos. Ao mesmo tempo nas 4 escolas públicas da cidade, trabalhava-se para poder levar um ensino público testado tão competente quanto possível aos muitos milhares de lares dos cidadãos das Caldas.
E a nossa televisão pública que nunca está presente a mostrar os que trabalham e os seus êxitos, conseguiu colocar-se a horas para mostrar o barulho que os “penduras” faziam.
Não consigo ficar calmo, quando se fala deste absurdo que é ver portugueses a lutarem para que os seus impostos sejam direccionados para uns quantos privilegiados. É mais um sinal dos tempos.

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