terça-feira, fevereiro 05, 2013

AS MALHAS QUE O IMPÉRIO TECE…
Jaz morto e apodrece
O menino de sua mãe.

A surpresa apodera-se de nós. O espanto embrutece-nos. Somos apanhados desprevenidos e de repente Peniche (a minha terra de exílio) torna-se ela própria a brutalidade.
O Manel do Ambassador, esse mesmo, o filho do Sr. Adão foi assassinado com requintes selváticos. Ao que me dizem foi agredido à bastonada de forma horrenda.
O Manel foi meu aluno. Era um tipo simples e um menino metido no corpo de um homem grande. A última vez que o vi perguntou-me pela minha mulher e pela minha menina. Amigo do seu amigo o Manel desfazia-se do que tinha com a mesma facilidade com que conquistava as coisas. A sua última utopia era de que queria ser candidato a candidato à Presidência da Câmara. O Manel era de direita se é que ele sabia o que isso significava. Estava à direita do CDS e não engolia esta aliança PSD/CDS. O Manel não gostava dos socialistas e odiava os comunistas. Dizia ele. Porque o Manel falava a toda a gente. Quando olhava para uma pessoa identificava-a com aquilo que a pessoa era e acabavam aí as suas reservas políticas para se desenvolver desde logo a relação pessoal.
O Manel era Salazarista e Caetanista. Mas o Manel era meu amigo e tenho gratas recordações dele como meu aluno e posteriormente como meu amigo.
O Manel provavelmente meteu-se em caminhos difíceis e tortuosos. Mas o Manel era um menino bom. O Manel tinha 51 anos e foi brutalmente assassinado. O filho do Sr. Adão, o Manel do Ambassador, merecia morrer devagar, aos poucos. Como os outros. Não há nada que justifique a morte do Manel daquela forma. Existem mães que matam filhos, banqueiros que atiram países para a miséria. Gente que violenta crianças. O Manel merecia ser gente, apesar e até pelas suas idiossincrasias. Paz à tua alma Manel.

Sem comentários: