terça-feira, maio 14, 2013

EU SOU DO TEMPO…
Voltei ao baú do meu avô. Sempre que lá volto sou surpreendido.

Tenho acompanhado muito à distância a eventual privatização dos CTTs. Recordo também uma crónica de Luís Osório numa revista de um semanário, em que ele se referia ao Centro Comercial em que se tornaram e estações de correio com a venda de produtos alguns deles bem estranhos, como seja um livro de citações de Salazar.
Enfim os tempos que temos são estes e nós como povo, temos a tempestade que semeámos. Em 1974/1975 temíamos os comunistas. Depois agarrámos no socialismo e “toca” de o fechar numa gaveta. Agora vivemos o ultraliberalismo, que ceifa as pessoas como ervas daninhas permitindo que só medrem os que por razões espúrias, atingem momentaneamente o acesso aos diversos poderes.

Hoje vivemos o momento exacto, sendo que o minuto seguinte surge sem qualquer sustentabilidade afirmada no que aprendemos ou fixámos no minuto anterior.
È o tempo do viver global. Da Internet. Dos chats. Das formas de comunicação virais. Em que cada um perde a sua identidade para poder somar “gosto” ao seu currículo. As cartas perderam-se. A escrita desapareceu como forma de partilha entre os amigos. Hoje ninguém pede a direcção de ninguém. Pede-se o número de telemóvel e o contacto no limite é por sms. O exercício da escrita com o grau de responsabilização que lhe é conferido tornou-se completamente obsoleto.

Voltando ao baú do meu avô, fui lá encontrar exemplares de telegramas (os sms dos anos 20 a 60 do século passado) que no caso concreto eram autênticos trabalhos de arte para uma comunicação mais personalizada. Existiam muitos para os períodos festivos, mas também existiam alguns possíveis de serem utilizados em qualquer altura. Estes exemplares são de 1930. Deixo-vos com carinho sendo uma memória de que já muito poucos recordam.

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