terça-feira, agosto 27, 2013

DIZER BEM DOS MORTOS

Leio e ouço o que dizem da dimensão intelectual do economista agora falecido António Borges. Os títulos só para citar o DN, são eloquentes:
- “Morreu o economista inconveniente” ou ainda “ “Radical, liberal, polémico, professor de dimensão europeia”.

Eu sou dos que alinham pelo diapasão de que não é por ter morrido que se passa de diabo a santo. O que registo sobre a personagem em questão é que ele queria baixar o salário dos trabalhadores. Queria aumentar o valor da TSU para os trabalhadores. Vender aos pedacinhos a RTP. Dizem que a inteligência lhe dava para a brutalidade.
Os nossos empresários que se recusaram a aceitar as propostas de nivelar pela miséria os trabalhadores, poderiam reprovar no 1º Ano de economia do Curso que leccionava, mas o Sr. Borges também nunca entraria em nenhuma Faculdade de Humanidade digna desse nome.

A mim parece-me que em nome da inteligência já desculpámos demais os ultraliberais que transformaram a economia num lodaçal e num pardieiro, onde só sofrem os mais miseráveis de entre os miseráveis.
Dizem que é católico. Não dizem que é cristão. Mas se com uma das coisas querem significar a outra, está neste momento a prestar contas das suas opiniões e dos seus contributos para aquilo que terá feito pela defesa dos mais miseráveis. Parece que é mais fácil a um pobre entrar no Reino dos Céus que a um rico. O buraco da agulha parece que ficou estreito. E não acredito que se atreva a baixar o salário do Filho de Deus lá em cima. Corre o risco de se perder nos caminhos do demo na defesa das suas teses. Mas disso não tenho eu culpa, nem o desculpabilizo por ter morrido e por ter sido inteligente e da inteligência lhe dar para a brutalidade e para o ataque aos que não se podem defender.

O que não faltou na História da Humanidade foram pessoas inteligentes que em nada contribuíram para a melhoria dos padrões de vida das pessoas. Pelo contrário. Conduziram-nas à miséria e ao opróbrio. Não tenho razões nenhumas para lamentar a morte de alguém que senti sempre como um inimigo do meu bem-estar social. E de milhares de milhões de pessoas como eu. Não criou nenhum valor acrescentado para melhorar o viver dos mais pobres. Não lamento a sua perda embora não a desejasse. Preferia que tivesse ficado onde não molestasse ninguém.

2 comentários:

Farelhão disse...

No livro "A Queda", Camus relata o caso da morte do porteiro do prédio em que morava nestes termos (+ ou -): "Era um verdadeiro estafermo, a maldade em pessoa, um monstro de insignificância e de rancor que faria perder a paciência a um franciscano".
Mas como morreu, a vizinhança já lhe descobria virtualidades e "Até nem era má pessoa". António Borges, para mim, era como porteiro do Camus, mas para pior. Usando a mesma linguagem directa que o caracterizava, apelidá-lo-ia, enquanto vivo, de asqueroso. Depois de morto não passa de um cadáver como todos os cadáveres.

Manuel Leonardo disse...

farelhao Anonimo . acrescento eu !!!
que nome tao asqueroso para Pedra tao Magnifica !! Nao e' so' este morto, este anonimo pertence a seccao diferente mas com as suas boas vontades ? em vida andara' de brucos pelos seculos sem fim ate dar a' costa na rampa do cais do club naval de Cascais .
Manuel Joaquim Leonardo
Peniche Vancouver Canada