Há cerca de 50 anos, um grupo de jovens estudantes de Peniche radicados em Lisboa, resolveu propor ao jornal de Peniche, "A Voz do Mar" a publicação de uma página com o título "NOVOS HORIZONTES" em que eles contribuiram com assuntos de interesse para o concelho, numa visão de quem estando longe (Lisboa há 50 anos era muito longe) podia ter eventualmente outra ideia, mais global.
Os jovens em questão era eu próprio, O Adelino Leitão, o Carlos Vital, o Carlos Mota e o Rui Lino de Carvalho.
Ao fim de uns quantos números por pressão da PIDE/DGS junto do Director do Jornal a página acabou mas a amizade entre esses jovens manteve-se e frutificou em mais algumas aventuras culturais que se vieram a desenvolver nesta terra até Abril de 1974.
Vêm todas estas recordações a propósito do espanto e dor que senti ontem ao ver que o Rui Lino tinha falecido inesperadamente. Ainda há dias eu e a minha mulher o tínhamos encontrado com a Aurora no Continente, onde trocámos umas breves palavras sobre a nossa saúde e estar e sobre a alegria que sempre sentíamos quando nos revíamos. Infelizmente, mesmo vivendo na mesma terra era raro encontramo-nos. Mas eu sentia um grande carinho pelo Rui, que depois se tornou extensivo à Aurora, menina do meu tempo de ser menino, e também aos filhos de ambos.
E eu que tinha prometido a mim mesmo fazer umas férias de mim aqui, senti necessidade de vir escrever sobre o Rui Lino, prestando-lhe deste modo a minha modesta homenagem. E falar sobre um Rui que poucos conheceram. Envolvido na sua juventude em em lutas sociais e culturais. Para que conste. Ele foi um dos muitos que contribuíram para que a consciência dos nossos concidadãos despertasse para além dos limites da península. Sempre modesto, nunca o vi reivindicar para si nenhumas glórias pelo muito que fez, doando-se aos outros. Eu gostaria de poder ser alguém para lhe prestar honras por ter sido quem foi, e acima de tudo por ter sido meu amigo.
Um grande abraço, Rui.
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