Há uns meses a esta parte que o tenho visto num desalinho que não lhe era habitual. Por 2 vezes interpelou-me para me pedir coisas que eu não tinha condições para lhe poder ser útil.
Cada vez o fui encontrando mais e mais distante e com aquele vazio no olhar que caracterizam os que já não estão no nosso mundo, antes habitam num mundo só seu, doloroso, impenetrável para o comum dos mortais.
Na 3ª feira passada depois de uma caminhada mais prolongada que fiz, fui encontra-lo à procura não sei de quê nos contentores do lixo. Odiei-me a mim mesmo por não ter tido a coragem de ir ter com ele e tentado ajudá-lo. Mas o facto é que não fui capaz. Não sei conviver com aqueles estados de alma. Destroçam-me.
Sinto-me culpado e dolorosamente revoltado comigo mesmo pela minha falta de coragem e por não ter tido capacidade para ajudar o meu amigo.
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