segunda-feira, janeiro 16, 2017


É TEMPO DE AFECTOS

“Quando os miúdos são acarinhados, quando em pequenos têm alguém por trás deles que os apoia, que lhes faz as vontades, que os ensina, tornam-se autoconfiantes.”

Mário Soares

 

Foi um tempo de muito falar de Mário Soares. Das suas virtudes e dos seus defeitos. Das suas vitórias e das suas derrotas. De tudo o que li entre outras retenho a frase que dá mote à crónica de hoje.

Por razões pessoais confesso. Porque sou professor, alguns dizem-me que estou aposentado. Eu só sei que isso é verdade porque não tenho de ir à escola cumprir um horário. Mas sou e sinto-me professor. A minha profissão foi aquilo que de melhor a vida me deu. Fiz da minha profissão um roteiro de andanças em que aprendi o que é ser tolerante e português. Claro que tive “chatices” com alunos. Claro que existiram alunos de quem não gostei. Claro que fui injusto com alguns. Mas por isso e apesar disso sinto-me em paz comigo mesmo. Porque também existiu o reverso da medalha. E gostei do que fiz porque sim. Espalhei amizade e afectos pela generalidade dos meus alunos. E se hoje me é difícil reconhecer muitos deles, também é verdade que alguns dos meus melhores amigos foram alunos meus.

Sempre defendi os afectos como a melhor forma de contribuir para a educação. Tempos houve em que se entendia que só uma educação tipo espartana poderia conduzir a resultados de sucesso. Eu fui desde sempre contra esta corrente pedagógica. Tal como combati energicamente os que entendiam que todos os alunos são iguais e devem ser tratados da mesma forma. Isso é mentira. Todas as crianças são diferentes desde o acto de nascer até ao seu desenvolvimento. E mesmo depois disso.

Entende que uma educação de afectos e de responsabilização é o único caminho para uma pedagogia de sucesso. Só assim será possível ser livre e criar os caninhos de liberdade do Outro. 

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