sexta-feira, janeiro 13, 2017


VAMOS “CERZIR” IDEIAS

Já passou tempo sobre o “Dia da Rendilheira” e já outra se estará a preparar (ainda mais festivaleiro dado tratar-se de ano de eleições) mas o assunto não parece esgotado.

Um dos elementos que enobrece esses festejos é o Concurso das Rendas de Bilros. Mas passados tantos anos desde o seu início terão de se encontrar fórmulas para o melhorar substantivamente ou, as Grandes Rendilheiras que ainda vão subsistindo, desoladas irão desistindo de participar dando a este concurso um cariz de fios e de nós sem a qualidade e o exercício de estilo de outros tempos.

Sabemos todos como se desenvolve a produção das Rendas de Bilros:

O desenho

Antigamente com os cursos de Lavores e de Formação Feminina o Desenho era uma disciplina em qua algumas escolas regionalmente ou mesmo em alguns países, desenvolviam um ensino artístico que conduzia depois às tapeçarias, aos bordados ou ainda às rendas genericamente falando.

O cartão

Desenvolvido artesanalmente e que servia de suporte com o auxílio de um vegetal e de um químico à passagem decalcada do desenho. A textura do cartão, a cor e capacidade de receber a tinta sem descolorir ou borratar, era uma regra de ouro na sua eleboração.

Picar

Seguia-se a picagem do cartão em pontos pré-definidos do desenho onde os alfinetes seriam colocados para servirem de suporte às linhas com que a renda é tecida.

Rendilhar

O acto de produzir a renda de bilros.

Cerzir

O acto de coser os extremos da renda (sempre que seja esse o caso) para lhe conferir unidade.

 

Este o conjunto de actos sem os quais as rendas de bilros não são possíveis. Uma escola de Rendas de Bilros deve ter como suporte estes elementos.

O concurso de Rendas de Bilros deve tê-los em conta.

Ora a Escola de Rendas de bilros da CMP é um completo logro nesta matéria.

Não produz desenhos inovadores.

Produz cartões que se descoloram passando a tinta para as linhas.

Propõe-se a executar cerziduras com linhas de diferentes diâmetros da linha utilizada na renda conduzindo a remates que mais parecem amarrações de barcos.

Isso não seria grave se não fosse a CMP responsável pela atribuição do selo de qualidade das Rendas de Bilros.

Em relação a estas 2 últimas situações não seria grande o mal se não aceitassem trabalhos que posteriormente fossem postos a concurso, perdendo-se algumas rendas que à partida constituíam autênticas obras de arte.

 

Começar por corrigir o que está menos bem na Escola de Rendas de Bilros da Câmara Municipal de Peniche. Consultar para isso as pessoas entendidas na matéria e nomear alguém de reputação inquestionável nesta área para dirigir e dinamizar a sua actividade.

Depois colocar em questão toda a organização do Dia da Rendilheira tornando-o num espaço das rendilheiras e não de quem as utiliza em proveito próprio.

Partir para a acção. Desde logo reconhecendo que a figura central de toda essa acção é a rendilheira, sem a qual nada existirá para mostrar.

 

 

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