HISTÓRIAS
DO FIM DE ANO
Quando os
amigos se reúnem é certo e sabido que se contam histórias. Umas que se ouvem e
de tantas vezes contadas se tornaram o que é vulgarmente conhecido por “mitos
urbanos”, outras passadas com cada um de nós, nas diferentes experiências de
vida porque passamos.
Aqui em
Peniche, desde os meus tempos de aluno na extinta Escola Industrial e Comercial
de Peniche, as nossas discussões (conversas) sempre passaram pelas profissões
dos pais, pela Religião, pelo futebol e, inevitavelmente (embora em tom de voz
baixinho) pela política. Era inevitável com a Mocidade Portuguesa à perna e um
forte de presos na terrinha.
As coisas
agoram também não mudaram muito. Discute-se futebol (Sporting/Benfica), sendo
que o GDP já não faz parte das nossas conversas. Discute-se religião, embora
que Fátima tenha perdido a primazia, sendo Maomé/Cristo o tema do
aprofundamento com a incompreensão absoluta dos crimes que se praticam hoje em
nome do que não é a preocupação maior. Discute-se já não as profissões dos
pais, mas a dualidade emprego/desemprego numa dúvida que nos arrasta a todos
para a incógnita maior, existe futuro para os nossos filhos e netos? Discute-se
pois política e por arrastamento a política autárquica.
Foi então
que a propósito das festas e celebrações que invadem Peniche e o seu Concelho,
me contaram uma história exemplar do nosso viver aqui no torrão natal:
«- Um amigo
meu de há muitos e muitos anos, decidiu remodelar a sua casa. Ao longo dos anos
acumulou livros que lhe foram enchendo espaços e decidiu oferecê-los para criar
uma nova dimensão em casa para si e para os seus. Se bem o pensou, melhor o fez
e para consumar essa vontade dirigiu-se à Biblioteca Municipal para efectuar
aquilo que ele pensava seria uma dádiva bem acolhida. Qual não foi o seu
espanto quando pessoa responsável lhe disse que infelizmente não poderiam
aceitar a sua oferta, pois não existia espaço onde pudesse ser acomodada.
Ficou o meu
amigo siderado com a resposta. Embatucou e voltou para casa com o peso de uma
resposta que de todo não era a que esperava. Como entretanto andava a tratar de
vários assuntos nas Caldas da Rainha, deslocou-se à Biblioteca Municipal e
colocou a questão de lhes oferecer os seus livros. De imediato se manifestaram
receptivos e combinaram a entrega e recepção.
O meu amigo
assim fez e foi-lhe pedida autorização para assinalar a doação com o que ele
concordou. Passado algum tempo recebeu um certificado dessa entrga com o
público louvor da CM das Caldas da Rainha pela oferta.
O meu amigo
manifestou-se com o misto de alegria pelo reconhecimento e de tristeza por ver
que outro local quis o que a terra dele não soube acarinhar. Por mim limitei-me
a dizer-lhe:
-Amigo, os
livros só são úteis e necessários para quem os quizer.»
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