quarta-feira, janeiro 04, 2017


HISTÓRIAS DO FIM DE ANO

Quando os amigos se reúnem é certo e sabido que se contam histórias. Umas que se ouvem e de tantas vezes contadas se tornaram o que é vulgarmente conhecido por “mitos urbanos”, outras passadas com cada um de nós, nas diferentes experiências de vida porque passamos.

Aqui em Peniche, desde os meus tempos de aluno na extinta Escola Industrial e Comercial de Peniche, as nossas discussões (conversas) sempre passaram pelas profissões dos pais, pela Religião, pelo futebol e, inevitavelmente (embora em tom de voz baixinho) pela política. Era inevitável com a Mocidade Portuguesa à perna e um forte de presos na terrinha.

As coisas agoram também não mudaram muito. Discute-se futebol (Sporting/Benfica), sendo que o GDP já não faz parte das nossas conversas. Discute-se religião, embora que Fátima tenha perdido a primazia, sendo Maomé/Cristo o tema do aprofundamento com a incompreensão absoluta dos crimes que se praticam hoje em nome do que não é a preocupação maior. Discute-se já não as profissões dos pais, mas a dualidade emprego/desemprego numa dúvida que nos arrasta a todos para a incógnita maior, existe futuro para os nossos filhos e netos? Discute-se pois política e por arrastamento a política autárquica.

Foi então que a propósito das festas e celebrações que invadem Peniche e o seu Concelho, me contaram uma história exemplar do nosso viver aqui no torrão natal:

«- Um amigo meu de há muitos e muitos anos, decidiu remodelar a sua casa. Ao longo dos anos acumulou livros que lhe foram enchendo espaços e decidiu oferecê-los para criar uma nova dimensão em casa para si e para os seus. Se bem o pensou, melhor o fez e para consumar essa vontade dirigiu-se à Biblioteca Municipal para efectuar aquilo que ele pensava seria uma dádiva bem acolhida. Qual não foi o seu espanto quando pessoa responsável lhe disse que infelizmente não poderiam aceitar a sua oferta, pois não existia espaço onde pudesse ser acomodada.

Ficou o meu amigo siderado com a resposta. Embatucou e voltou para casa com o peso de uma resposta que de todo não era a que esperava. Como entretanto andava a tratar de vários assuntos nas Caldas da Rainha, deslocou-se à Biblioteca Municipal e colocou a questão de lhes oferecer os seus livros. De imediato se manifestaram receptivos e combinaram a entrega e recepção.

O meu amigo assim fez e foi-lhe pedida autorização para assinalar a doação com o que ele concordou. Passado algum tempo recebeu um certificado dessa entrga com o público louvor da CM das Caldas da Rainha pela oferta.

O meu amigo manifestou-se com o misto de alegria pelo reconhecimento e de tristeza por ver que outro local quis o que a terra dele não soube acarinhar. Por mim limitei-me a dizer-lhe:

-Amigo, os livros só são úteis e necessários para quem os quizer.»

   

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