terça-feira, março 14, 2017


DIAS COMEMORATIVOS

Dia da Paz. Dia dos Namorados. Carnaval. Dia da Mulher. Dia do Pai. E todos os outros dias que se hão seguir a estes. Tratar-se-á só de uma festa ao consumo ou estarão também aqui envolvidos sentimentos legítimos por uma vontade sem limites de cultivar a esperança de que estes dias batam fundo na sociedade egocêntrica em que vivemos?

Dou só um exemplo: - Celebramos com pompa e circunstância o Dia do Pai e o Dia da Mãe. Mas quantos de nós estão disponíveis para abdicar do nosso bem estar e quando eles perdem capacidade de autonomia os acolhermos e apoiarmos em vez de à 1ª oportunidade os enviarmos para armazéns de velhos, que apelidamos de lares para nos sentirmos bem dentro de nós.

Não quero, nem preciso de ir buscar mais exemplos. Por cada dia comemorativo existe uma maldade dentro de nós. Este ano foi então particularmente inflamado na celebração do Dia da Mulher.

Que a Mulher se celebre enquanto tal num dia seu estou inteiramente de acordo. Que a mulher celebre a sua capacidade de luta e de ser mãe é inteiramente justo. Mas já não sou capaz de aceitar que se celebre a mulher vitima. A mulher escrava. A mulher como fonte de apoio à economia de subsistência. A mulher que cozinha, que amanha peixe, que o põe a secar, que faz renda de bilros, que é vítima da brutalidade de pais, irmãos e maridos, essa não tem de ser louvada, tem de ser ensinada a reagir e a reconquistar um lugar na sociedade. Em Peniche celebrou-se a mulher vítima e não a mulher que sofreu. E no entanto a APAV teria tanto para dizer…

Eu vou evitar tocar mais neste assunto por me fragilizar demais. Prefiro ir ao meu computador e recolher algumas fotografias de algumas das minhas mulheres. E pensar nelas como pessoas em alguns casos passaram ao lado da vida. Outras foram felizes. Outras fizeram de ser mães o seu maior objectivo. Não as quero homenagear. Quero reconhecê-las como companheiras e amigas.

























   

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