DIAS
COMEMORATIVOS
Dia da Paz.
Dia dos Namorados. Carnaval. Dia da Mulher. Dia do Pai. E todos os outros dias
que se hão seguir a estes. Tratar-se-á só de uma festa ao consumo ou estarão
também aqui envolvidos sentimentos legítimos por uma vontade sem limites de cultivar
a esperança de que estes dias batam fundo na sociedade egocêntrica em que
vivemos?
Dou só um
exemplo: - Celebramos com pompa e circunstância o Dia do Pai e o Dia da Mãe.
Mas quantos de nós estão disponíveis para abdicar do nosso bem estar e quando
eles perdem capacidade de autonomia os acolhermos e apoiarmos em vez de à 1ª
oportunidade os enviarmos para armazéns de velhos, que apelidamos de lares para
nos sentirmos bem dentro de nós.
Não quero,
nem preciso de ir buscar mais exemplos. Por cada dia comemorativo existe uma
maldade dentro de nós. Este ano foi então particularmente inflamado na
celebração do Dia da Mulher.
Que a
Mulher se celebre enquanto tal num dia seu estou inteiramente de acordo. Que a
mulher celebre a sua capacidade de luta e de ser mãe é inteiramente justo. Mas
já não sou capaz de aceitar que se celebre a mulher vitima. A mulher escrava. A
mulher como fonte de apoio à economia de subsistência. A mulher que cozinha,
que amanha peixe, que o põe a secar, que faz renda de bilros, que é vítima da
brutalidade de pais, irmãos e maridos, essa não tem de ser louvada, tem de ser
ensinada a reagir e a reconquistar um lugar na sociedade. Em Peniche
celebrou-se a mulher vítima e não a mulher que sofreu. E no entanto a APAV
teria tanto para dizer…
Eu vou
evitar tocar mais neste assunto por me fragilizar demais. Prefiro ir ao meu
computador e recolher algumas fotografias de algumas das minhas mulheres. E
pensar nelas como pessoas em alguns casos passaram ao lado da vida. Outras
foram felizes. Outras fizeram de ser mães o seu maior objectivo. Não as quero
homenagear. Quero reconhecê-las como companheiras e amigas.
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