EU VIVI
Ao olhar
para trás, revendo passadas minhas, sou a dizer-vos que por mais de uma vez me
recordei do maravilhoso livro de Paulo Neruda, “Confesso que Vivi”, e o título
desta crónica terá a ver com isso. Não comparo o meu texto à escrita sublime do
autor citado, mas ao roubo do título que nele foi inspirado.
Passando à
frente Fui estudar para Lisboa em 1961/1962 para a Escola Industrial Machado de
Castro de boa memória. Cheguei pacóvio penicheiro à grande cidade e tudo era um
deslumbramento. Os dias eram passados a frequentar as aulas e a estudar. Aos
fins de semana se o GDP (que na altura pertencia à Zona Sul da II Divisão
Nacional), ía jogar a Lisboa ou à periferia era uma festa para mim reviver os
meus conterrâneos nesse domingo. Em Marvila, em Sintra, na Cova da Piedade, no
Seixal, todos esses locais eu percorri na minha procissão de revivalismo.
Depois, quando chegava a casa telefonava ao meu pai a dizer-lhe onde tinha
estado não fossem os “quadrilheiros” de Peniche lhe contarem e ele saber por outra
pessoa que não fosse eu.
Felizmente
encontrei na Machado de Castro professores que me perceberam melhor do que eu
me percebia a mim, e me suscitavam a ver mais coisas para além do futebol.
Iniciaram-me
no interesse pelas artes plásticas e pelo Teatro que nunca mais viria a
abandonar ao longo de toda a minha vida. Nesse tempo por pura intuição guardei
algumas suportes daquilo a que assistia e hoje esses documentos atestam a
veracidade do que vos digo. Desses 2 anos passados na Machado de Castro guardo os
registos de algumas coisas que tive a felicidade de ver e/ou participar.
Tudo isto
vão lá 55 anos e eu era um jovem provinciano exportado para a Capital do
Império.
Assim
recordo o 1º espectáculo teatral a que assisti e a minha 1ª exposição no
Palácio Foz. Recordo ainda a minha 1ª participação em competições de escrita e
na declamação.
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