sexta-feira, março 31, 2017


EU VIVI

Ao olhar para trás, revendo passadas minhas, sou a dizer-vos que por mais de uma vez me recordei do maravilhoso livro de Paulo Neruda, “Confesso que Vivi”, e o título desta crónica terá a ver com isso. Não comparo o meu texto à escrita sublime do autor citado, mas ao roubo do título que nele foi inspirado.

Passando à frente Fui estudar para Lisboa em 1961/1962 para a Escola Industrial Machado de Castro de boa memória. Cheguei pacóvio penicheiro à grande cidade e tudo era um deslumbramento. Os dias eram passados a frequentar as aulas e a estudar. Aos fins de semana se o GDP (que na altura pertencia à Zona Sul da II Divisão Nacional), ía jogar a Lisboa ou à periferia era uma festa para mim reviver os meus conterrâneos nesse domingo. Em Marvila, em Sintra, na Cova da Piedade, no Seixal, todos esses locais eu percorri na minha procissão de revivalismo. Depois, quando chegava a casa telefonava ao meu pai a dizer-lhe onde tinha estado não fossem os “quadrilheiros” de Peniche lhe contarem e ele saber por outra pessoa que não fosse eu.

Felizmente encontrei na Machado de Castro professores que me perceberam melhor do que eu me percebia a mim, e me suscitavam a ver mais coisas para além do futebol.

Iniciaram-me no interesse pelas artes plásticas e pelo Teatro que nunca mais viria a abandonar ao longo de toda a minha vida. Nesse tempo por pura intuição guardei algumas suportes daquilo a que assistia e hoje esses documentos atestam a veracidade do que vos digo. Desses 2 anos passados na Machado de Castro guardo os registos de algumas coisas que tive a felicidade de ver e/ou participar.

Tudo isto vão lá 55 anos e eu era um jovem provinciano exportado para a Capital do Império.

Assim recordo o 1º espectáculo teatral a que assisti e a minha 1ª exposição no Palácio Foz. Recordo ainda a minha 1ª participação em competições de escrita e na declamação.





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