sábado, janeiro 20, 2007

A esperança existe...


No momento em que escrevo esta crónica a moda é o Apito Dourado e as tempestades por essa Europa fora. Refiro-me à moda que agora ocorre nos média e muito particularmente nas televisões. Parece-me que todos lamentam imenso não haver um só caso de um ventinho ciclónico ao menos. Se nós tivéssemos nem que fosse um só caso sempre tínhamos alguma coisa para abrir os telejornais. É espantoso como funciona a guerra das audiências.
Pretende-se ter mais telespectadores que os outros canais. Maior audiência representa mais publicidade, mais publicidade representa mais dinheiro, mais dinheiro representa maiores lucros, mesmo que isso se faça utilizando a dor alheia.

Contesta-se a ausência de valores esquecendo porventura que este incêndio foi ateado por quem deveria ser exemplar nas suas atitudes: - Os senhores deste mundo.
Contesta-se a formação cívica das gerações mais jovens, mas esquecemos que eles são produto das nossas omissões na transmissão dos valores culturais que constituem o nosso melhor e mais rico legado.
O morte de Sadam e a decapitação depois de mortos dos seus ministros é um exemplo claro do que quero dizer. Os genocídios em África e na Ásia são outro exemplo.
Quem já se esqueceu dos tempos em que os negros não podiam frequentar as mesmas Universidades dos brancos nos EUA. Pois! No país que pretende dar exemplos de democracia ao mundo.
Mas quem estiver atento a pequeninos nadas verificará que existe esperança no nosso futuro colectivo. Basta que nos deixemos surpreender pelo que à nossa volta vai acontecendo.
É comum passar pelas escolas primárias à hora de saída dos meninos e meninas e estarem dezenas de pais, irmãos e irmãs, avós, tios e tias, aguardando a saída das suas crianças para as conduzirem no regresso a casa. Tenho encontrado antigos colegas meus de escola que o fazem com um sorriso nos lábios. E conversamos sobre os nossos velhos tempos (das fugas à escola) em oposição a uma escola de hoje segura atractiva e sem palmatória.
Não é já estranho em lugares centrais da cidade, vermos pessoas com fatos de “ver-a-Deus” preparando-se para embarcar em modernos autocarros. Pessoas que conhecemos e que não são propriamente “burgueses” endinheirados. Muitas dessas pessoas são aposentados ou pensionistas. Vão a Lisboa ao Teatro. Vão ver os espectáculos do La Féria. E o Teatro que em tempos que já lá vão, para a maioria do povo de Peniche só podia ser o que era apresentado no circuito fechado das salas do Sr. Prior, hoje é uma forma de arte cultivada e admirada por todos ao mais alto nível.

Estes casos do dia a dia são referências de uma nova ideia que está a germinar e que irá florescer. Provavelmente são coisas insignificantes. Pequeninos nadas. São coisas que estão a acontecer à nossa volta e que nem sempre damos por elas. De facto o que dá nas vistas são aqueles grandes títulos relatando o que de mais torpe se revela na natureza humana.
Um sorriso não vende jornais. Uma criança que dá a mão ao seu avô para este atravessar a rua não é notícia. Mas acredito que poderão contribuir decisivamente para melhorar o mundo que nos rodeia.
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Eu VOTO SIM à despenalização do aborto
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1 comentário:

Anónimo disse...

O Mundo está a perder a poesia e com ela os seus valores. Oxalá não perca mais nada. Porque pode ser tarde para procurar o quer que seja.