sexta-feira, março 09, 2007

O Tempo: - O Grande Mestre
Um destes dias encontrei uma pessoa que me acompanhou alguns anos enquanto fui professor, e que me deu a novidade da extinção do Agrupamento das Escolas do 1º Ciclo e dos Jardins de Infância da Cidade de Peniche.
Dizia-me essa pessoa que eu tivera o grande azar de ter razão antes de tempo. Com efeito, a zona rural do Concelho de Peniche aproveitando a abertura da Escola EB-2.3 de Atouguia da Baleia, e os preceitos legais instituídos pela lei da Autonomia, iniciou um processo de colaboração entre Jardins de Infância, escolas do 1º Ciclo e a Escola do 2º e do 3º Ciclo, potencializando recursos humanos e materiais que conduziram com naturalidade à criação de um dos 1ºs Agrupamentos verticais existentes no País. Era nosso entendimento na altura, que só a existência de um Projecto Educativo ao longo do percurso escolar dos alunos desde o Jardim de Infância até à entrada no Secundário, poderia permitir o seu desenvolvimento integral com a insistência nos valores e saberes que fossem aceites consensualmente por alunos, pais e educadores. É claro que este não foi um processo fácil. Houve que vencer medos, hábitos e barreiras. Mas os maiores ataques a esta iniciativa até vieram de fora. De pessoas que longe do processo que há alguns anos se vinha desenhando desconfiavam de tudo. Dos outros. Dos seus privilégios que poderiam estar ameaçados, da mudança que ameaçava os “pequeninos e saloios tronos” onde se tinham instalado.
A Cidade de Peniche escolheu na altura em que foi desafiada, continuar a ser pequenina, dividida e saloia. 1º Ciclo e Jardins de Infância para um lado. Escolas do 2º e 3º Ciclo para outro. Numa terra onde todos se conheciam, optou-se pela divisão e pela satisfação dos pequenos egoísmos de 2 ou 3 pessoas, que não conseguiram perceber que o seu tempo já era. A Câmara Municipal na altura, presa também de pequenas trocas de favores pessoais e políticos deixou-se encurralar na criação destes pequeninos reinos de “pé-de-chinelo”. Gastou-se uma enormidade em dinheiro quando da recuperação da Escola nº1 para criar espaços adequados ao funcionamento aos serviços administrativos do novo agrupamento e aos locais de lazer dos reizinhos entretanto entronizados. Dividiu-se mais o pessoal administrativo. Adquiriu-se mais mobiliário e meios técnicos que já existiam noutras escolas.
Para agora ficar tudo obsoleto e ter de se reagrupar tudo de novo. Os meios físicos criados para o efeito, terão de ser reequacionados para outras funções de forma trabalhosa e criativa, mas nunca eficaz porque será sempre um remendo a sua nova utilização.
O que eu penso é que estas atitudes que custam dinheiro, esforço e actividade, sem proveito nem futuro que tanto custaram ao Estado e ao Município, deveriam ser contabilizadas e aplicadas em avaliação aos responsáveis. A incompetência e a inabilidade intelectual deveriam contar para a avaliação. Ou toda a vida havemos de andar a fazer e a destruir ao sabor destes eunucos do desenvolvimento.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não posso estar mais de acordo com a análise.Contudo, gostaria de referir que se trata de uma imposição do Ministério da Educação. Peniche era das poucas Cidades onde a questão dos Agrupamentos de Escolas não estava totalmente resolvida. Pelo que sei também esta Câmara se preparava para manter o "status quo", dando parecer negativo à proposta do Ministério. Em matéria de Educação que "venha o Diabo e escolha". Na Educação como em outras áreas, Peniche vai de "garra".