Um destes dias encontrei um antigo colega de escola que muito prezo. Falámos do seu trabalho, do meu dia-a-dia e de muitas outras coisas que as conversas compridas vão permitindo.
A certa altura disse-me que na Argentina os meus “escreveres” e os da Luísa Inês eram acompanhados com especial atenção. E contou-me então uma história linda que passo a transcrever pela maravilhosa mensagem que encerra de calor humano e respeito por valores e memórias...
Um nosso conterrâneo nascido em Geraldes em 10 de Março de 1905 (vão fazer agora 100 anos), Isidro da Costa Campos, trabalhador rural e pescador, emigrou para a Argentina em 1928. Por lá casou com uma senhora de Zamora emigrante como ele e dessa união vieram a nascer dois filhos.
O nosso conterrâneo, dedicou a sua actividade à vida do mar e veio a falecer com apenas 48 anos num acidente a bordo dum cargueiro. Os filhos do Isidro e de Maria, foram educados de forma a não esquecerem nunca as suas raízes familiares e as nações que lhes deram origem, Portugal e Espanha.
O seu familiar e meu amigo (sobrinho do emigrante Argentino), ao tomar conhecimento desta diáspora deste ramo da família, decidiu deslocar-se à Argentina e tentar encontrá-los o que veio a acontecer. Tinha morrido o Isidro e a esposa, sendo vivos os dois filhos do casal, Hector e Osvaldo. Ao entrar em casa dos primos (casa que tinha sido dos seus pais), o meu amigo deparou com as fotografias dos avós que também lhe eram comuns e do seu tia e esposa. Mas o que verdadeiramente o fez ficar chocado e arrepiado até ao mais íntimo de si próprio, foi ver uma bandeira portuguesa e uma guitarra portuguesa que o seu tio tinha transportado consigo quando em 1928 foi para a Argentina. A guitarra só tinha 3 cordas, porque achavam os filhos daquele nosso conterrâneo só em Portugal deveria ser cordoada.
Estabeleceu-se uma corrente fraterna que veio depois a ser consumada, com a visita do ramo argentino da família do meu amigo a Geraldes e à aldeia Zamorana de Badilla. Para que se perpetuem as memórias, os filhos fizeram-se acompanhar das cinzas do pai e da mãe que ficaram depositadas em Geraldes e em Badilla.
Ao ouvir este relato, senti-me feliz por um nosso conterrâneo ter conseguido transmitir aos seus filhos esta capacidade de amor representada nos símbolos que guardaram e veneraram. A bandeira pátria de seu pai o símbolo maior da alma portuguesa atravessou o Atlântico e continua vivo e perene no coração dos filhos daquele Homem grande que por ser meu conterrâneo eu daqui me curvo ante a sua memória.
A guitarra, dedilhar do seu coração junto da sua família argentina, foi a lição de saudade que só o fado interpreta e que ele soube reproduzir para sempre nos seus filhos quando estes afirmam: - afinar e as restantes cordas, só em Portugal! São estas as histórias que hão-de perdurar na minha terra. É este sentimento de ser filho de uma terra e não a esquecer mais que vale a pena transmitir de pais para filhos. Por todos os que são capazes de transmitir amor e memórias.
A certa altura disse-me que na Argentina os meus “escreveres” e os da Luísa Inês eram acompanhados com especial atenção. E contou-me então uma história linda que passo a transcrever pela maravilhosa mensagem que encerra de calor humano e respeito por valores e memórias...
Um nosso conterrâneo nascido em Geraldes em 10 de Março de 1905 (vão fazer agora 100 anos), Isidro da Costa Campos, trabalhador rural e pescador, emigrou para a Argentina em 1928. Por lá casou com uma senhora de Zamora emigrante como ele e dessa união vieram a nascer dois filhos.
O nosso conterrâneo, dedicou a sua actividade à vida do mar e veio a falecer com apenas 48 anos num acidente a bordo dum cargueiro. Os filhos do Isidro e de Maria, foram educados de forma a não esquecerem nunca as suas raízes familiares e as nações que lhes deram origem, Portugal e Espanha.
O seu familiar e meu amigo (sobrinho do emigrante Argentino), ao tomar conhecimento desta diáspora deste ramo da família, decidiu deslocar-se à Argentina e tentar encontrá-los o que veio a acontecer. Tinha morrido o Isidro e a esposa, sendo vivos os dois filhos do casal, Hector e Osvaldo. Ao entrar em casa dos primos (casa que tinha sido dos seus pais), o meu amigo deparou com as fotografias dos avós que também lhe eram comuns e do seu tia e esposa. Mas o que verdadeiramente o fez ficar chocado e arrepiado até ao mais íntimo de si próprio, foi ver uma bandeira portuguesa e uma guitarra portuguesa que o seu tio tinha transportado consigo quando em 1928 foi para a Argentina. A guitarra só tinha 3 cordas, porque achavam os filhos daquele nosso conterrâneo só em Portugal deveria ser cordoada.
Estabeleceu-se uma corrente fraterna que veio depois a ser consumada, com a visita do ramo argentino da família do meu amigo a Geraldes e à aldeia Zamorana de Badilla. Para que se perpetuem as memórias, os filhos fizeram-se acompanhar das cinzas do pai e da mãe que ficaram depositadas em Geraldes e em Badilla.
Ao ouvir este relato, senti-me feliz por um nosso conterrâneo ter conseguido transmitir aos seus filhos esta capacidade de amor representada nos símbolos que guardaram e veneraram. A bandeira pátria de seu pai o símbolo maior da alma portuguesa atravessou o Atlântico e continua vivo e perene no coração dos filhos daquele Homem grande que por ser meu conterrâneo eu daqui me curvo ante a sua memória.
A guitarra, dedilhar do seu coração junto da sua família argentina, foi a lição de saudade que só o fado interpreta e que ele soube reproduzir para sempre nos seus filhos quando estes afirmam: - afinar e as restantes cordas, só em Portugal! São estas as histórias que hão-de perdurar na minha terra. É este sentimento de ser filho de uma terra e não a esquecer mais que vale a pena transmitir de pais para filhos. Por todos os que são capazes de transmitir amor e memórias.
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