PAPÉIS VELHOS
A arrumação de gavetas onde se acumulam recordações, traz sempre coisas surpreendentes. Desta vez foram dois conjuntos de horários, um de “Capristano & Ferreira, Lda” e outro do “João Henriques dos Santos”. As recordações assaltaram-me em catadupa. O tempo em que eu estudava em Lisboa. O Jorge Machado, o “Parina”, o “Joca” Miranda. E tantos outros. O tempo em que só se vinha a Peniche nas férias. Ou então em situações muito especiais. Íamos nos finais de Setembro e regressávamos de férias em Dezembro.
A viagem para Peniche era uma aventura. Vindo pelos Capristanos, se saíssemos às 17,30 de Lisboa, chegávamos a Peniche às 21,10. Se o “auto-car” a apanhar fosse o do João Henriques das 18,00 horas, a chegada a Peniche seria às 21,55. Como nunca vinha a horas…Esta última carreira passava em todas as terrinhas possiveis e imaginárias. Dois Portos, Runa, A-dos-Cunhados, Vimeiro, Toledo, S. Bernardino. Era um calvário de viagem. Depois haviam as situações caricatas. Quando chegávamos a Torres todos nós fugíamos da parte de trás da camioneta, para não ter que suportar o cheiro nauseabundo a peixa que a nossa conterrânea Palmira “paleca” trazia para o carro com ela. Pessoas chegavam a ficar agoniadas com o odor nauseabundo.
Quando víamos as luzes de Peniche ao longe, era como se uma salvação nos esperasse. Peniche ficava mesmo no fim do mundo, naquele tempo de estudar que os papéis velhos me trouxeram à memória. Como é que se explica aos nossos filhos o que se alterou?
2 comentários:
Como os tempos mudam!
Eu também estudei em Lisboa e não houve um fim de semana que não viesse a Peniche.
Ola,
Por falar na firma Capristano & Ferreira, tenho um emblema de boné de motorista desta empresa para aqueles com mais saudades da terra, podia deixar um foto, mas não sei como o fazer.
Se alguem tiver informação de como o efectuar agradeço.
Um abraço
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