A MINHA PROFESSORA PRIMÁRIA
Escrevi assim em vez de dizer “a minha professora do 1º ciclo” para ser fiel a um tempo que foi o meu. E a uma linguagem mais próxima de muitos dos meu amigos que me acompanham aqui.
Este título vem a propósito de inúmeras leituras que faço de Jantares de Homenagem a Professores(as) Primários(as), promovidos por ex-alunos seus. Inspirou-me para este conversar um artigo que li na última “A VOZ DO MAR”. Diz assim a certa altura uma das promotoras do encontro: “É raro encontrar alguém que não diga que a professora primária foi de todas as professoras a mais importante de toda a sua vida.” E, no entanto, isso só é verdadeiramente compreendido muitos anos depois.
O trabalho de um professor só é mensurável muitos anos e muitos trambolhões depois. O professor aposta num conhecimento que não tem na maioria das vezes aplicação imediata ao quotidiano de cada um. São alicerces, vigas em que é sustentável a capacidade de ir mais além na resolução de problemas. E de respostas para um viver cada vez mais embrulhado. Quer a nível dos conhecimentos técnico-científicos, quer a nível da sociabilização. E tantas vezes essas aprendizagens na Escola não são as únicas que recebe e em que pode alicerçar o seu futuro.
Os pais estão longe ( e não estão interessados em compreender o papel dos professores) de perceber se o professor do seu filho é só um vendilhão de ideias ou um fiel de armazém ou então um educador e um impulsionador de atitudes cívicas.
E o aluno vai-se despedindo das várias fases da sua aprendizagem sem nunca quem o rodeia ter percebido o papel do Professor na sua Formação como pessoa. Claro que nem todos os professores cumprem esse papel. Daí a importância da avaliação. Mas os profs que o fazem passam a ser cada vez mais importantes para a pessoa em que o aluno se tornou à medida que os anos vão passando.
E quando os alunos se tornam pais e assistem ao desenvolver das actividades escolares dos seus educandos, vão percebendo melhor os que contribuíram para o seu sucesso como pessoas e para a sua capacidade de perceberem melhor o mundo que os rodeia. É quando surgem os Jantares de Homenagem para colmatar o acto imperdoável de em tempo devido não se ter sido suficientemente claro, na gratidão que deveria ter sido demonstrada e não o foi. Paga-se então ao professor primário com juros, a divida que ficou por saldar desde tempos remotos.
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